quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

O Extraordinário - Um ótimo filme, porém uma adaptação medíocre

O Extraordinário - Um ótimo filme, porém uma adaptação medíocre

Extraordinário Poster

   Como é bom ir com o cinema com os amigos, né? Nesse ano lemos "O Extraordinário" como livro literário na minha escola (e devo dizer que foi um dos melhores do ano) e a nossa professora, Raquel, disse que poderíamos assistir a adaptação no cinema quando estreasse este ano, mas até eu ler o livro eu fiquei desanimado com essa ideia pois eu achava que esse livro seria mais um início de franquia de blockbusters baseados em livros de público juvenil. Entretanto "O Extraordinário" se mostrou, não só um ótimo livro, mas um bom filme, apesar de suas falhas na hora de adaptar o roteiro.
   O Extraordinário, dirigido e roteirizado por Stephen Chbosky (o mesmo que fez "As Vantagens De Ser Invisível") e estrelado pelo prodígio Jacob Tremblay ("O Quarto de Jack"), Julia Roberts e Owen Wilson (aliás, essa é a sua melhor atuação desde "Midnight In Paris" do Woody Allen) conta a história de Auggie Pullman, um garoto de 10 anos que tem uma deformidade na face e, por decisão de seus pais, vai para escola, lá ele muda a vida e o comportamento de diversas pessoas.
   O "quê" desse filme (e do livro também) é que ele não procura focar somente no Auggie, mas explora pontos de vistas de vários outros personagens, como o melhor amigo, a irmã, a melhor amiga da irmã. Por um lado, isso enriquece essa história demais, diferente de outros filmes que já tem o propósito de mexer com o psicológico do espectador com uma carga dramática exagerada, como praticamente toda a filmografia do Lasse Hallström (Sempre Ao Seu Lado, Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador, Chocolate), de quem eu já disse anteriormente que não gosto; por outro, não há uma boa transição entre elas. Digo, todas as transições funcionam de forma criativa, sempre relacionando o nome do personagem com algo que é identificável a ele, mas o erro aparece quando termina cada um desses arcos: em momentos aleatórios. Aliás, esse filme tem vários problemas com a montagem, e tudo bem se só um verdadeiro cinéfilo ou crítico reparasse nisso, mas todos da sala repararam que do nada a tela mudou de "lago cristalino" pra "fogos de artifício à noite"...fez zero sentido. Sinceramente, eu não faço ideia como eu entenderia tudo o que estava sendo mostrado se eu não tivesse lido o livro.
   A direção de arte é muito convidativa, enquanto que o figurino e a fotografia tem uma paleta de cores que ajuda a contar a história. O trabalho de maquiagem está surpreendente, principalmente porque não há muito dizendo como o August é esteticamente no livro. A trilha sonora funciona, mas falhas no roteiro. Parte do erro da montagem está no roteiro, o que dificultou muito na hora da direção e da edição, principalmente lá pro final do filme, que foi quando realmente colocam toda a carga dramática que o filme tem a oferecer pra comover quem assiste (uma pena que eu não choro e nunca chorei assistindo filmes), isso resultou na subtrama própria da Miranda, amiga de sua irmã, que é completamente desnecessária já que o que estava sendo mostrado pelo ponto de vista da irmã de Auggie não era rasa o bastante para a necessidade de um arco próprio. Entretanto, o roteiro dá a oportunidade para o espectador não julgar nenhum personagem de forma alguma, pois esse faz o mesmo. Você vê um personagem fazendo algo completamente reprovável, mesmo assim você entende o porque dele fazer isso, ou pelo menos ter uma ideia. E outra, eu simplesmente amei o fato que eles pensaram direitinho de alguma forma para expressar os pensamentos mais profundos do Auggie, e aí vem a parte da atuação.
   Jacob Tremblay mais uma vez dá um show, ele te faz lembrar do seu primeiro dia de aula, com toda aquela insegurança na hora de entrar e isso te faz refletir "Nossa, se foi ruim na minha vez, imagina pra esse menino" e isso dói o coração, toda vez que alguém faz bullying com ele, dói muito o coração porque você já conhece ele e sabe como é um bom menino e mesmo assim descontam muito ódio nele. A Julia Roberts faz o papel da mãe de uma forma espetacular, com uma personalidade maternal muito forte, fazendo com que todas as mães no cinema se identifiquem com pelo menos uma de suas ações, e o melhor, sem os seus maneirismos de comédia romântica com fins de "roubar a cena", porque ela sabe que não vai conseguir, que o foco deve estar no Jacob Tremblay. Owen Wilson funciona bem como alívio cômico, sempre soltando uma ou outra frase que faz o público gargalhar. Izabela Vidovic faz a irmã de Auggie, Via, e ela tem o arco mais complexo, e honestamente, pela idade da atriz (16), eu achava que ela não daria conta de viver a personagem. Pensa só: quase não ter a atenção dos pais e mesmo assim ter que lidar com isso e até mentir pros mesmos devido as circunstâncias para não causar nenhum estresse a mais pra família, além disso, perder o contato com a melhor amiga e ficar completamente só por um bom tempo sem que pudesse reclamar. Isso enlouquece, sabe? Noah Jupe faz o amigo de Auggie, Jack, que tem também uma alta carga dramática, e o que mais me impressionou foram aqueles pequenos gestos que indicavam que antes de virar seu amigo, procurava não ENCOSTAR nele. Aquilo foi sensacional, assim como o choro de culpa após uma briga que ele entra pra defender o amigo, que é muito tocante. Ah, a Sônia Braga faz uma ponta no filme, que apesar de ser importante pra história do livo, é completamente dispensável no filme. O ator que faz o Julian, o bully, também tem o seu momento de glória na hora em que se arrepende do que faz, naquele momento eu fiquei com dó dele, mesmo que nada justificasse as suas ações.

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   O Extraordinário é tocante, engraçado em alguns momentos precisos que vem a calhar uma risada, muito otimista em relação à humanidade, mas tem seus problemas. Mesmo assim, deve ser assistido por adultos e crianças pois passa uma mensagem muito positiva. 8.5/10

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