A Mulher Faz o Homem - Um atemporal
A Mulher Faz o Homem, ou Mr. Smith Goes To Washington, é um filme de 1939 dirigido pelo grande Frank Capra (o Capracorn, que eu inclusive já falei dele em outra crítica de um filme dele: http://contraplongeereviews.blogspot.com.br/2017/12/a-felicidade-nao-se-compra-funciona.html) conta a emocionante luta pelos ideais americanos de um jovem senador chamado Jefferson Smith após ver a falta deles no Senado. Apesar de sua idade, o filme nada mais é do que um atemporal pois merece ser discutido ainda hoje, principalmente no Brasil, onde o conceito de democracia parece estar se ruindo cada vez mais.
Os primeiros 25 minutos do filme são apenas uma homenagem aos EUA e os monumentos construídos para eternizar os grandes homens da nação, tendo sempre um foco um pouco maior no Lincoln Memorial. Após esses 25 minutos o filme passa a focar em três personagens, o primeiro é Jefferson Smith, um senador que foi escolhido por um grande político de seu estado para representá-lo no Congresso apesar de Smith nunca ter tido uma vida política; o segundo é a secretária de Smith, Clarissa Saunders, que acaba vivendo altos dilemas morais com Jefferson; o terceiro é o colega de Smith que inclusive é um exemplo para o mesmo, senador Paine, que para mim tem um arco narrativo muito interessante que gira em torno da ética de sua profissão e de suas decisões como senador.
Este filme passa a ser relevante quando um projeto de lei que Smith propõe é ameaçado de não ser aceito devido a um esquema de enxerto que está sendo discutido no Senado. Aí que entra a parte em que nós, brasileiros, devemos prestar atenção. Sendo Smith antes apenas um cidadão comum e honesto, ele entra no Senado sem saber direito o que fazer e quando aprende ele percebe como os senadores estão preocupados em cuidar de seus próprios interesses ao invés de governar para o povo. Isso destrói a sua impressão de um governo justo que é a democracia dos EUA, mostrando a verdade nua e crua que horroriza o espectador (algo que Sidney Lumet acabaria voltando a fazer décadas depois).
Basicamente o que nos é apresentado é a famosa corrupção pelo ponto de vista de um homem de bem que está envolto por bandidos mas que esses bandidos são protegido por estarem representando o povo, então ele "goes to fight the good fight" (desculpem, não lembro a expressão em português, não pus isso pra tentar aparecer) apenas com os seus conhecimentos recentes sobre a Constituição americana e muita ajuda da secretária e isso acaba sendo muito inspirador, de uma forma que você deseja ser o próximo Jeff Smith, mesmo que você não tenha estômago pra o que você acabou de assistir (como eu).
Sobre as atuações, todas são muito boas, destaque pra sutil atuação do Harry Carey e pro James Stewart novinho que me fez pensar "caraca, ele era homão da porra desde sempre". Nota 9,5/10. O único defeito que eu achei foi uma cena por volta dos 40 minutos bastante desnecessária e até teatral, meio caricata, que é quando o Jeff Smith começa a socar qualquer um que ele vê na rua. Não precisava. Feliz Natal a todos. E já sabem: DIVULGUE SE VOCÊ GOSTOU.
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