domingo, 31 de dezembro de 2017

Melhores do Ano? - Crítica dupla: Terra Selvagem, Three Billboards

Crítica Dupla - Terra Selvagem e Three Biklboards Outside Ebbing, Missouri

   Foi muito difícil escolher, então eu empatei esses dois filmes sobre um crime hediondo com jovens e vamos analisar ambos para entender o porquê desses dois filmes serem alguns dos melhores do ano.

Terra Selvagem

   Terra Selvagem é um filme de Taylor Sheridan, roteirista de “A Qualquer Custo” e “Sicario - Terra de Ninguém” e estrela Jeremy Renner e Elisabeth Olsen. O filme retrata a história verídica da investigação do assassinato de uma jovem na reserva indígena Wind River no centro-oeste norte-americano.
   De cara a primeira coisa que chama a atenção é a direção de fotografia que quis retratar a inospitalidade do frio e a ameaça oculta que sempre ronda os protagonistas sem saber quando vai atacar que não apenas serve para capturar a atenção do público, mas também serve de elemento narrativo que interage com a atmosfera que a mesma cria.
   A trilha sonora também é digna de aplausos. Uma das minhas favoritas durante o ano todo busca também ser algo mais do que uma mera trilha sonora. Aqui a música dá lugar a ruídos ensurdecedores que remetem a batidas em um triângulo (instrumento) e acordes individuais de instrumentos indígenas doas quais com a edição certa, foi possível criar um sentimento puro de melancolia que ronda o lugar após a morte da jovem e é uma característica pertencente do protagonista vivido por Renner que tem o assombrado pelo passado que vem à tona com essa investigação.
   Outro ponto positivo são as atuações. O Jeremy Renner está fazendo a sua melhor oerformance como um homem destruído pela perda mas que a aceita e procura redenção a partir do acaso. O interessante é que não é preciso falas para que ele transmita toda essa melancolia que ele possui. Algo também visível na atuação de Casey Affleck em Manchester À Beira Mar e que faltou com Sam Worthington em A Cabana. Elizabeth Olsen não chega a ser problemática, inclusive a atriz faz o máximo para isso não acontecer, mas o roteiro não colabora na hora de desenvolver sua personagem. Graham Greene é o mais próximo que o filme tem de um alívio cômico. Seu personagem tem um tom de rispodez satírico que perpetua até o final e a impressão que dá é que ele traz a esperança que o filme precisa pra acalmar o espectador, embora não precise.
   Com todos esses elementos positivos o seu roteiro deveria ser de qualidade semelhante. Isso
acontece? Não. Apesar do filme ter um bom ritmo e diálogos ousados nada corriqueiros para sempre avançar na história e na profundidade dos personagens, ele se autoexplica absurdamente no final. O que não é só anticlimático, mas também mata toda a expectativa que se tem sobre como eles iriam desvendar o crime, o assassino e as motivações. Uma pena Terra Selvagem ter essa semelhança infame com “O Contratempo”.
   Terra Selvagem é intrigante, detalhista, muito bem interpretado por um elenco DAQUELES e triste também, mas se auto-sabota no final. Apesar de ser um filme nota 8, a atmosfea construída para preparar o terreno para o clímax é sem dúvida a melhor do ano. Por isso “Terra Selvagem” é um dos melhores do ano.

Three Billboards Outside Ebbing, Missouri

   O filme talvez possa não ser o melhor do ano (o que eu acho difícil), mas o título já merece um Oscar. O drama é sobre Mildred Hayes, a mãe de uma jovem que foi violentada enquanto morria (algo bem gráfico, se for parar pra pensar), como a polícia não se mobiliza o bastante para achar o culpado, ela decide pagar um ano de aluguel de três outdoors que tem nos arredores da cidade para expor a sua chateação com a falta de resultados na investigação. Isso causa muito alvoroço, e o filme se trata das consequências desses outdoors na vida e no comportamento das pessoas da cidade.
   Com uma premissa bastante semelhante à do Terra Selvagem, o que há de diferente aqui é justamente o roteiro. O diretor/roteirista desse filme, Martin McDonagh, achou que seria uma boa ideia todos da cidade serem muito inescrupulosos. Ou seja, lá eles xingam o padre, o policial, o publicitário que é um homem de bem qualquer, e ele acertou nisso. Não só trás uma comicidade inesperada para um baita drama, mas também faz você pensar “espera, ela realmente falou isso" ou "Opa, ela simplesmente jogou cereal com leite na cabeça do filho sem nenhum motivo? Ok então”. Por outro lado, todos aqueles personagens tem um coração e o filme também mostra bem isso. Um ótimo exemplo é quando o personagem do Woody Harrelson, que tem câncer, tosse sangue na cara da protagonista, vivida pela Francis McDormand (que surpreendentemente supera a sua performance em Fargo) sem querer e, ao invés dela meter a bica na cara dele, o que eu achava que iria acontecer, ela fica calma e corta para ele sendo levado por uma ambulância.
   Esse filme é incrivelmente filmado, digo, todos os enquadramentos são muito belos. Já era de se esperar do Ben Davis que tem já um currículo extenso passando por longas como Guardiões da Galáxia e Doutor Estranho. Mas diferente desses filmes que eu acabei de citar, ele buscou, junto com o design de arte, recriar um ambiente pacato. No caso, a cidade de Ebbing. Não identifiquei nenhum problema com o som. Pelo contrário, só tem do que elogiar os efeitos sonoros.
   Como eu já havia dito antes, Francis McDormand está melhor do que nunca fazendo uma mulher irada com Deus e o mundo. Mas de vez em quando, quem rouba a cena é Sam Rockwell fazendo um policial racista que não consegue lidar bem com os problemas pessoais e descontam isso na sua profissão. Por outro lado, Woody Harrelson faz um homem que tem uma vida feliz, mas que é taxado como culpado no trabalho, o que causa vários conflitos, e por essa injusta acusação e sua condição com a doença que ele porta, o espectadora passa a se importar com ele. Lucas Hedges e Peter Dinklage fazem papéis menores, mas os executam com tamanha excelência que acho que ambos estão fazendo suas melhores atuações no longa.
   Three Billboards Outside Ebbing, Missouri é dramático, cômico, possui um contraste memorável entre a monotonia da cidade com o comportamento de seus habitantes e possui um ritmo único, como se esse fosse razoavelmente lento na maior parte do tempo, mas que apresentam alguns piques em momentos oportunos que o engrandece, o que faz com que o longa termine no melhor momento possível. Com certeza terá seu lugar na premiação do Oscar e é com certeza um dos melhores filmes de 2017. Nota 10
   Feliz Ano Novo, partir de 2018 (amanhã) só haverá postagem nas segundas, terças e sextas porque eu vou ficar sem tempo pra escrever dia sim dia nãotoda vez. Ah, e não se esqueçam. ME DIVULGUEM, ATÉ AMANHà

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

A Ghost Story - Melhor filme do ano?

A Ghost Story - Crítica



     A Ghost Story é um longa de 2017 dirigido e roteirizado por David Lowery e é estrelado por Casey Affleck, Rooney Mara e Will Oldham. O enredo se inicia quando C. morre em um acidente de carro e volta como um fantasma invisível para observar a ex-esposa, M., lidando com o luto. Isso acaba dando gancho para uma trama muito mais profunda e complexa sobre as noções de memória, existência, legado (destaque pro monólogo do Will Oldham sobre a efemeridade de tudo onde ele dá um show de interpretação e nos faz chorar com a realidade sem ser niilista), mas principalmente, o tempo. Alias, boa parte do filme é dedicada a isso. Pois o tempo passa de uma forma diferente para o protagonista, como se décadas passassem toda vez que ele piscasse, fazendo dele um dos personagens mais interessantes de todo o cinema. E é genial como o filme explica isso ao espectador, mérito da montagem de Lowery.
   O interessante é que o filme não lida com o protagonista como se fosse um fantasma específico. Ele lida como um fantasma qualquer, tanto é que ele é representado como a figura clássica do lençol com buraco nos olhos que não faz uso da linguagem verbal. Sendo assim, estamos à mercê de sua limguagem corporal e por isso é preciso qie foquemos o máximo possível nos mínimos detalhes em cena enquanto que o filme te convida a preencher aquela identidade que falta no protagonista com a sua pessoa, desafiando todo o seu senso de empatia para tentar desvendar os sentimentos do espectro, ou o porquê dele tomar certas decisões como assombrar a família que agora vive na casa onde morava.
   A fotografia do Andrew Droz Palermo merece aplausos pela sua originalidade. Com um aspecto praticamente quadrado 4X3 com pontas arredondadas e a câmera completamente estática e afastada dos personagens em planos que se alongam até depois de dizermos chega, temos a impressão que estamos assistindo fotografias, e se não fosse o som, juraria em certas cenas que a projeção havia travado. Por falar em som, tanto a sua presença quanto a sua ausência são excepcionalmente trabalhados, e é incrível perceber que certos ruídos no qual o filme trabalha em cima, como o fantasma esfregando o buraco da porta com um último esforço de comunicação com a ex-esposa, é reutilizado na riquíssima trilha sonora, que vai da angustiante cacofonia de Daniel Hart, passando para clássica orquestral (inclusive, A Ghost Story faz o melhor uso de Beethoven desde “Laranja Mecânica”) e tem o seu ápice com uma indietronica e pop alternativo que gruda na cabeça.
   As atuações são indefectíveis. Casey Affleck, enquanto vivo, faz um homem decidido e brincalhão que é muito apaixonado pela esposa, e depois que morre se torna um ser melancólico que desenvolve uma limguagem não-verbal própria da qual ele usa para se comunicar com outro espectro, e a conversa que eles têm não só é profunda, mas também muito triste. A Rooney Mara é a que faz a melhor atuação. Antes da morte do marido ela é apenas OK, mas depois do falecimento, ela acaba construindo um contraste com o protagonista, pois ela continua viva fisicamente, mas está morta por dentro. É assim que chegamos à cena mais memorável de 2017 no cinema: a amiga de M. deixa uma torta para ela pois se preocupa com o seu bem-estar, ela começa comendo tranquilamente, mas aos poucos aquela torta se torna uma metáfora para os sentimentos de raiva, dor, tristeza, angústia, desespero e solidão que a personagem sente devido ao luto dos quais ela desconta na torta. Tudo isso enquanto o fantasma do C. assiste ela com uma dor no coração que ele nem tem, mas que nós somos encarregados de sentir por ele.
   A Ghost Story é único, diferente, intimista, imersivo como poucos, reflexivo, é capas de reconstruir as nossas noções de perda, da imensidade do tempo e da existência, é melancólico, é assustador, mas não no aspecto do terror. Não é um filme para todos, provável que o filme seja entendiante para muitos pois o diretor também testa a sua paciência. Nota 1000, é possível que seja o melhor filme do ano. Mas acho dificil a Academia lembrar dele. Parabéns pra A24 Films que está sendo novamente a melhor produtora de filmes do ano. E lembrem-se: ME DIVULGUEM.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Lady Bird - Melhor filme do Ano?

Lady Bird - Crítica (Melhor Filme do Ano?)

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   "Melhor Filme do Ano?" vai ser uma série de 4 postagens de filmes que foram muito elogiados pela crítica nesse ano de 2017 para analisar qual foi o melhor do ano. Vamos começar com um longa que vai estrear no Brasil por volta de abril de 2018 se não ganhar algum grande prêmio no circuito do começo do ano que vem (pois isso interfere na data de lançamento no exterior).
   "Lady Bird" ou "Lady Bird: É Hora de Voar" é a estreia como diretora e roteirista da rainha do cinema indie atual, Greta Gerwig, e estrelado por um grande elenco relativamente jovem e ainda não tão grande na indústria, como Saoirse Ronan (Brooklyn, Um Olhar do Paraíso), Lucas Hedges (Manchester À Beira Mar), Thimothee Chamalet (Call Me By Your Name, que inclusive pode vir a aparecer aqui) e Laurie Metcalf (Getting On). O filme é um "coming of age" (termo usado pra se referir ao gênero que John Hughes popularizou com "Clube dos Cinco" e "Gatinhas e Gatões") que se passa em 2002 sobre a adolescente Christine (Ronan) que prefere ser chamada de Lady Bird e explora a sua relação com a mãe (Metcalf), assim como a sua ambição de sair de sua cidade para estudar em uma boa faculdade na costa leste dos EUA. Isso o difere de qualquer outro coming of age que normalmente fala sobre as primeiras paixões e a luta para se tornar popular na escola, o que transforma Lady Bird em um clássico instantâneo por ser bem-sucedido na tentativa de reinventar um gênero tão previsível.
   Começando pelo roteiro, ele é completamente orgânico e original, por isso que eu estou apostando nele para o Oscar. De cara ele poderia seguir por caminhos já conhecidos, para mostrar a vida difícil e oprimida de uma estudante em um colégio religioso. Pelo contrário, Lady Bird mostra a escola da protagonista como um lugar bem mais legal do que parece, onde há atividades extras bacanas, como a aula de teatro, e professores tranquilos. O que não impede de haver restrições das quais ela tem que respeitar mas eventualmente as quebra devido à sua natureza rebelde.
   Outro ponto positivo no roteiro são os diálogos que se iniciam com os personagens já conversando, como se eles já estivessem atuando mas a câmera apenas ligasse depois. Isso traz um tom de naturalidade gigantesco, de modo que eu me perguntava se eles estavam improvisando, como em Frances Ha (filme do qual Gerwig estrela). Sem falar nas piadas, que tem um timing perfeito e contextos muito engraçados, como quando no supermercado local, Lady Bird conversa com a amiga Julie sobre ir Nova Iorque para estudar, então Julie pergunta "Mas e o terrorismo?", então Lady Bird responde "Não seja tão Republicana", criticando o sensacionalismo do partido de Bush.
   Tanto a edição quanto a direção de fotografia não tem muito a dizer, o filme não procura focar nesses artifícios visuais, embora fizessem algum esforço, como colocar lentes antigas de Panavision em uma Alexa Mini para criar aquele efeito de imagem granular de câmeras caseiras da época. Diferentemente da direção de arte, figurino e trilha sonora, que ajudam na ambientação, visando recriar um pós 11 de Setembro pelo ponto de vista dos jovens da época, e é aí que vemos a maestria da direção de Greta Gerwig. Em uma entrevista ela disse ao diretor de fotografia que queria que o filme tivesse cara de memória, como em "Quatre Cent Coups" do Truffault ou " Boyhood" do Linklater, e ela consegue fazer isso quase que por conta própria, e é muito legal para um fã do cinema indie que acompanhou praticamente toda a carreira dela, ver a que patamar ela alcançou em tão pouco tempo.
"I didn't go to film school," says Gerwig, with DP Levy, "so I used all of this time writing and co-writing and producing and acting to get my 10,000 hours [of experience] or whatever that Malcolm Gladwell says you need."
Gerwig com o diretor de fotografia, Sam Levy
   No aspecto das atuações, o elenco não podia ser melhor. Saoirse Ronan consegue se superar mais um vez e provavelmente vai receber uma indicação ao Oscar pela interpretação mais sincera que eu vi no ano até agora. O mesmo pode se dizer sobre Laurie Metcalf, já que é possível ver que ela está quase que interpretando a ela mesma como mãe. Desde as pequenas discussões que acabam em um abraço e o carinho e cuidado que ela tem com a filha até as broncas giganormes por causa de mal comportamento e rebeldia. Thimothee Chamalet é o típico rebelde sem causa, e mesmo com um personagem tão simples, ele consegue dar um show. Lucas Hedges, que faz o par romântico da Lady Bird até metade do filme, não é o melhor em tela, como pode-se ver na cena onde o objetivo era claramente nos deixar tristes pela sua situação, mas ele não consegue. Hedges é um bom ator, exceto para transmitir tristeza, e isso já foi claro na sua atuação em Manchester À Beira Mar. Mesmo assim, no geral a sua atuação é ótima e a cena não desvaloriza seu trabalho, assim como não tira méritos do filme que é incrível.
   Lady Bird é intimista, hilário, orgânico, despretensioso e único. Mesmo sabendo que o filme já não terá um público grande aqui no Brasil pois é fato que a luta é sempre entre o duopólio Disney-Warner, eu recomendo muito que assistam a esse filme. Nota 10.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Como um filme da década de 30 permanece relevante ainda hoje - A Mulher Faz o Homem

A Mulher Faz o Homem - Um atemporal

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   A Mulher Faz o Homem, ou Mr. Smith Goes To Washington, é um filme de 1939 dirigido pelo grande Frank Capra (o Capracorn, que eu inclusive já falei dele em outra crítica de um filme dele: http://contraplongeereviews.blogspot.com.br/2017/12/a-felicidade-nao-se-compra-funciona.html) conta a emocionante luta pelos ideais americanos de um jovem senador chamado Jefferson Smith após ver a falta deles no Senado. Apesar de sua idade, o filme nada mais é do que um atemporal pois merece ser discutido ainda hoje, principalmente no Brasil, onde o conceito de democracia parece estar se ruindo cada vez mais.
   Os primeiros 25 minutos do filme são apenas uma homenagem aos EUA e os monumentos construídos para eternizar os grandes homens da nação, tendo sempre um foco um pouco maior no Lincoln Memorial. Após esses 25 minutos o filme passa a focar em três personagens, o primeiro é Jefferson Smith, um senador que foi escolhido por um grande político de seu estado para representá-lo no Congresso apesar de Smith nunca ter tido uma vida política; o segundo é a secretária de Smith, Clarissa Saunders, que acaba vivendo altos dilemas morais com Jefferson; o terceiro é o colega de Smith que inclusive é um exemplo para o mesmo, senador Paine, que para mim tem um arco narrativo muito interessante que gira em torno da ética de sua profissão e de suas decisões como senador.
   Este filme passa a ser relevante quando um projeto de lei que Smith propõe é ameaçado de não ser aceito devido a um esquema de enxerto que está sendo discutido no Senado. Aí que entra a parte em que nós, brasileiros, devemos prestar atenção. Sendo Smith antes apenas um cidadão comum e honesto, ele entra no Senado sem saber direito o que fazer e quando aprende ele percebe como os senadores estão preocupados em cuidar de seus próprios interesses ao invés de governar para o povo. Isso destrói a sua impressão de um governo justo que é a democracia dos EUA, mostrando a verdade nua e crua que horroriza o espectador (algo que Sidney Lumet acabaria voltando a fazer décadas depois).
   Basicamente o que nos é apresentado é a famosa corrupção pelo ponto de vista de um homem de bem que está envolto por bandidos mas que esses bandidos são protegido por estarem representando o povo, então ele "goes to fight the good fight" (desculpem, não lembro a expressão em português, não pus isso pra tentar aparecer) apenas com os seus conhecimentos recentes sobre a Constituição americana e muita ajuda da secretária e isso acaba sendo muito inspirador, de uma forma que você deseja ser o próximo Jeff Smith, mesmo que você não tenha estômago pra o que você acabou de assistir (como eu).
   Sobre as atuações, todas são muito boas, destaque pra sutil atuação do Harry Carey e pro James Stewart novinho que me fez pensar "caraca, ele era homão da porra desde sempre". Nota 9,5/10. O único defeito que eu achei foi uma cena por volta dos 40 minutos bastante desnecessária e até teatral, meio caricata, que é quando o Jeff Smith começa a socar qualquer um que ele vê na rua. Não precisava. Feliz Natal a todos. E já sabem: DIVULGUE SE VOCÊ GOSTOU.

sábado, 23 de dezembro de 2017

Golpe de Mestre - Crítica

Golpe de Mestre - Crítica

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   Pegue "Butch Cassidy e Sundance Kid" (mesmo elenco e mesmo diretor), adicione alguns elementos de filmes de máfia, como "Sindicato de Ladrões", empurre a narrativa para 70 anos no futuro (por volta da década de 30), então você tem "Golpe de Mestre".
   Um jovem batedor de carteiras chamado Johnny Hooker (Robert Redford) trabalha com um criminoso chamado Luther. Um dia Luther é morto por um chefão da máfia (Robert Shaw), então Hooker vai atrás de um trapaceiro experiente (Paul Newman, inclusive eu escrevi recentemente uma crítica onde Newman também estrela, Rebeldia Indomável: http://contraplongeereviews.blogspot.com.br/2017/12/cool-hand-luke-critica.html?m=1) para aplicar um golpe no chefão da máfia como forma de vingança.
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Não ESSE Johnny Hooker
   Esse longa é um dos que mais entretém da década de 70. Desde a sequência do título onde toca "The Entertainer". Isso sem contar as conquistas excepcionais nas áreas de direção de arte, figurino e trilha sonora. Tanto é que eu achava de vez em quando que "Golpe de Mestre" era um filme gravado nos anos 1930 em technicolor, porque foi tudo bastante convivente. Muito bem feito.
   O roteiro não chega ao nível de Butch Cassidy e Sundance Kid, mas tem o seu valor e é bastante inteligente. A edição também, com algumas transições claramente inspiradas em Frank Capra e Kurosawa. A edição de som é estranhamente excelente (deu pra entender?), mas a mixagem de som falha algumas um pouquinho nas cenas de tiroteio.
   Não há muito o que falar sobre esse filme. Ele entretém como poucos, é intrigante. Um daqueles filmes que deixa você na beira da cadeira do início ao fim porque não se pode perder o foco ao assistí-lo. 9/10.
   Se você gostou, já sabe. DIVULGA, PELO AMOR DE DEUS.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Touro Indomável - Robert De Niro dando a melhor atuação masculina do cinema

Touro Indomável - "Crítica"

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   Alerta: Isso não vai ser bem uma crítica, 90% do texto vai ser só sobre a atuação do Robert De Niro.
   Há mais ou menos um ano atrás eu assisti um vídeo do meu crítico favorito, Tiago Belotti, que apontava as melhores atuações masculinas do cinema. Não por acaso Robert De Niro estava em primeiro lugar com "Touro Indomável", então eu fiquei curioso para saber o que causou aqueles intermináveis elogios pela sua performance. Ao procurar se o filme estava disponível na Netflix,  me deparei com a informação de que o mesmo tinha saído do catálogo na semana anterior. Muito tempo se passou após aquela frustração de não poder ter assistido o filme conforme a legislação (como eu disse, mais ou menos um ano) e há um tempo atrás (porque esse texto vai provavelmente sair duas semanas depois de eu ter assistido) eu assisti ele num "site paralelo" e eu devo dizer uma coisa: O que o Tiago falou é pouco pra descrever a atuação de De Niro.
   Touro Indomável, filme de 1980 dirigido por Martin Scorcese conta a trágica história do ex-pugilista Jake La Motta, um marido abusivo que não tem nenhum controle emocional e muitos problemas com a máfia do Brooklyn, o que o impede de se tornar o melhor de todos os tempos apesar de ser um grande lutador (isso não é spoiler porque ainda no primeiro ato mostra ele envelhecido e aposentado como um homem já meio infeliz, o que faz a gente deduzir isso. Novamente dizendo, aqui Robert De Niro apresenta não só a melhor performance de sua carreira, mas a melhor interpretação masculina da história do cinema. Tanto é que acaba sendo engraçado e meio embaraçoso quando o Joe Pesci (inclusive ele é o que mais se aproxima dos pés de De Niro no longa) ou a Cathy Moriarty tentam se equiparar a ele ou até roubar a cena, porque isso acaba sendo impossível.
   Recentemente eu tinha dito pra alguém que o personagem neonazista do Edward Norton no American History X é o personagem mais desenvolvido de toda a história do cinema. Inclusive, eu nem sei porque o Roberto Benigni venceu o Oscar daquele ano, ok, ele tava ótimo no A Vida É Bela, mas "Buongiorno Principessa" não é nada comparado a "I said put your mouth on the curb!" (eu passei mal vendo essa cena), mas eu me equivoquei. Derek Vyniard é o segundo personagem mais desenvolvido e multi-facetado do cinema. Jake La Motta é o número 1, principalmente pelos sentimentos que ele te passa. Ele vai de cuzão pra alguém que você torce pra um cara engraçado pra alguém que você se sente bem ao saber que ele está sendo derrotado no seu auge. Tudo isso em duas horas. O maior exemplo disso é a cena do "D'you fuck my wife?" e a cena do "I'm the boss, I'm the boss" que me pareceram quase que documentais de tão sinceras que ficaram, ainda mais quando você lembra que o filme é baseado em uma história real.
   Fora atuação mais que sensacional de Robert De Niro, podemos apontar grandes conquistas na fotografia do Michael Chapman, mais uma vez fazendo um excelente trabalho, e a direção incrível do Martin Scorcese. Também se deve apontar a maquiagem que às vezes pode parecer bem tosca (principalmente nas cenas de luta), mas é isso que faz com que fique tudo mais grotesco, porque, além do filme querer mostrar a vida de um homem completamente desequilibrado, ele está ocupado em mostrar o caos que há num ambiente específico para lutas que muitas vezes pode acabar indo para além das lonas.
   O único defeito que eu encontrei tem a ver com a edição e a edição de som, pois em alguns cortes o som ambiente muda, o que faz com que o espectador se distraia e é muito estranho um filme com tantas qualidades acabar cedendo tão facilmente em um aspecto técnico como a edição de som, que é inclusive bem simples para aquele filme, pois não demanda muito da mesma. 9.7/10.
   Se você gostou desse texto, DIVULGUE. MAS AGORA EU ESTOU FALANDO MAIS SÉRIO DO QUE NUNCA. SE VOCÊ NÃO FIZER NINGUÉM MAIS VAI FAZER. 

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

O Propósito da Crítica

O Propósito da Crítica

   O que eu mais gosto de escrever sem dúvidas são críticas. Entretanto, estes são os textos que eu pego menos acessos. Eu acho que a razão disso acontecer é que o público não sabe o verdadeiro significado da crítica cinematográfica. Então adivinha, hoje eu vou dar uma de Ryan Gosling como Sebastian e vou explicar pra vocês, Emmas Stone como Mias, a minha paixão.
   Saibam que isso vai ser um compilado entre as minha opiniões e as opiniões de dois críticos que eu gosto (o Pablo Villaça e o Tiago Belotti) sobre o assunto, então nem tudo aqui veio de mim. Mas relaxem, porque eu sou uma pessoa bastante objetiva então eu vou provavelmente terminar tudo isso em três parágrafos, no máximo.

A Linguagem Cinematográfica

   Parte da função do crítico é traduzir para os espectadores comuns, que naturalmente absorvem bem menos do filme (e de forma alguma eu estou querendo desmerecer os mesmos, estou apenas apresentando fatos que concluí por experiência pessoal) do que um crítico ou cinéfilo assíduo, elementos da linguagem cinematográfica bastante sutis, como metáforas de direção, metáforas de roteiro, a importância da direção de fotografia com elementos como o plano holandês, que serve como auxílio para representar desequilíbrio emocional, trilha sonora e direção de arte. Isso acaba sendo muito interessante pois se você já viu o filme, a crítica, se for bem escrita, vai te trazer o anseio de reassisti-lo apenas para que você aproveite a experiência da melhor forma possível pois você agora terá uma visão bem mais aprofundada e vai curtir muito mais do que na primeira vez que você assistiu. Experimente e veja se não é verdade.

Opinião

   Um anexo em relação aos conhecimentos da linguagem cinematográfica é a opinião que o crítico tem sobre cada filme. Ou seja, você provavelmente não quer perder duas horas e uma quantidade razoável de dinheiro em um filme que você futuramente não vai gostar (assim eu espero). Portanto, você vai querer alguma referência especializada pra saber se o filme em si é bom ou não. Aí que entra o papel da crítica, o cara vai dar a opinião sele, que foi adquirida após anos de estudo teórico e, mais ainda, prático, e sempre dando argumentos sólidos pra embasar a opinião dele em relação à qualidade do filme. Após a crítica, você se decidirá se quer ver tal filme ou não. Aliás, aí vai uma dica pra quem ainda não faz isso.

O Senso Crítico

   As primeiras críticas que eu vi foram do Gabriel Gaspar e eu vi sem nenhum compromisso de querer me aprofundar no assunto, foi só porque eu tava a toa e abria qualquer dia o YouTube pra assistir os vídeos dele no Acabou de Acabar, e a partir daí eu fui conhecendo mais sobre o cinema e o mise en scène e fui me aprofundando mais no assunto até que eu tivesse um embasamento crítico próximo à um profissional. Então outra função da crítica, essa inclusive muitos poucos dizem, é o educativo. Como se fosse uma aula prática de como desenvolver um senso crítico semelhante ao seu interlocutor à um longo prazo. E isso é bem mais interessante do que se espera porque foi como eu disse, antes eu fazia parte daquele público comum que poderia se surpreender e achar graça em qualquer coisa, tanto é que até 2015 o meu filme favorito era "A Lenda do Tesouro Perdido: O Livro dos Segredos" que é um live-action da Disney com o Nicolas Cage e tem várias falhas de roteiro que antes eu não identificava. E são erros como esse que, após desenvolver esse senso crítico vinda de uma grande bagagem de filmes que você assistiu ou lendo muitas críticas, você percebe e isso, pessoalmente, traz uma sensação muito prazerosa.

   Se você achou interessante esse texto e te deu vontade de ler mais críticas, compartilhe. DIVULGUE TAMBÉM. SÉRIO, DIVULGUE MESMO.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Star Wars Episódio VIII: Os Últimos Jedi - Crítica

Star Wars Episódio VIII: Os Últimos Jedi - Crítica

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   Star Wars Episódio VIII: Os Últimos Jedi é o filme mais recente da franquia Star Wars. Esse filme é a continuação do "O Despertar da Força", que se trata da Rey sendo ensinada pelo Luke Skywalker a ser Jedi e a Primeira Ordem quase que extinguindo os rebeldes, então eles tem que fazer algo em relação a isso, o que dá origem a várias subtramas. O interessante foi a decisão de iniciar o filme recapitulando o que ocorreu no fim do filme anterior, o que foi muito conveniente pra mim, que não lembrava o que tinha acontecido com o Finn e a Leia. Entretanto, isso pode cansar o espectador logo no começo. Uma das várias decisões arriscadas que o roteiro toma, embora tenha vários outros porque ele não é de se levar muito à sério.
   Não se levar a sério também é uma característica marcante da direção do Rian Johnson, diretor e roteirista de Os Últimos Jedi. Aliás, acho que isso foi o que ele teve de mais cativante e diferente entre todos os outros realizadores da franquia, e foi com o que eu mais me identifiquei. Quem me conhece mesmo sabe que eu nunca falo algo 100% sério. Mesmo quando eu quero dizer algo sério, eu falo brincando, e o Rian Johnson faz isso muito. Acho que a única cena que eu posso citar sem dar spoiler é quando a Rey tenta "alcançar" a Força. Quem viu sabe, o roteiro poderia muito bem ir a uma direção completamente filosófica e profunda, mas esse filme é muito diferente de qualquer outro do Star Wars (visualmente e narrativamente falando, relaxa que eu vou explicar melhor isso mais pra frente) e ele brinca com toda a situação.
   Já é "mais pra frente", então eu vou explicar porque esse filme é tão diferenciado. A questão, na verdade, tem a ver com uma reclamação que a Lucasfilms abordou como uma crítica construtiva. Vou explicar melhor: quando "O Despertar da Força" foi lançado, muitos saíram do cinema chateados pois eles já estavam tão acostumados com aquele tipo de narrativa que o filme poucas vezes apresentou algum grau de originalidade. De fato, "O Despertar da Força" é quase que uma releitura do Episódio IV. Dessa forma, a Disney aceitou o fan service e fez com que "Os Últimos Jedi" tivesse uma identidade muito própria. E isso acabou dando muito certo.
      Começando pela direção de fotografia e direção de arte. Esse filme é um completo vislumbre para os olhos do espectador; transitando entre cenários novos completamente estonteantes, como a ilha dos Porgs e o planeta que aparece no trailer que tem aquela areia vermelha, e cenários clássicos, como a Millenium Falcon. Tudo isso explorando uma variedade muito ampla de planos e ângulos, principalmente o plano detalhe e o plano aberto, ambos em ângulo frontal, ainda mais nas lutas de sabre de luz, que não me impressionaram tanto quanto eu acho que deveriam, deve ter sido o hype...acontece.


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Crait, o planeta que é um dos cenários novos da saga.
   Passando para a edição, ela continua tendo aquela identidade Star Wars de transições horizontais, mas há mais cortes do que o necessário. Principalmente com o 3D, pois em algumas cenas há mais de um corte por segundo e o cérebro não consegue processar tão rápido isso com o 3D, o que acaba deixando o espectador tonto. Sem dúvida, uma edição ousada.
   Depois é claro, vem os efeitos especiais, esses que não são tão diferentes aos mesmos do longa anterior, que já tinha um nível absurdo de perfeição, principalmente com os sabres de luz e as explosões. Por outro lado, ainda tem um uso razoável de efeitos práticos em algumas situações que me deixaram surpresos, mas eu não posso dizer porque é spoiler. Aliás, eu vou deixar no final um espaço só pra falar das minhas conclusões onde eu vou expor alguns spoilers.
   Por fim, há o roteiro, e eu o deixei por último pois é muito delicado falar dele. Em síntese, o roteiro não é dos melhores: demora pra engatar, há algumas barrigas, alguns furos, um Deus Ex Machina, alguns diálogos desnecessários e ele toma algumas decisões que deixa o fã mais frenético muito frustrado pois ele podia ir por um rumo mais "mind-blowing", mas ele decide não tomar e o filme morre na praia. Entretanto, há vários momentos muito inteligentes que compensa a maioria do que eu disse acima, principalmente a sequência psicodélica das Reys "infinitas" que seria muito bem-vinda e previsível em qualquer filme da "art house", mas eu nunca iria pensar algo do gênero em Star Wars, e acaba funcionando muito bem.
   Fora esses elementos narrativos, a atmosfera do filme continua sendo bem fiel aos outros longas da saga, tanto a incrível trilha sonora do John Williams que é muito gostosa de ser ouvida porque transita com uma suavidade incrível entre os temas clássicos de cada personagem remanescente da primeira trilogia e os temas dos personagens da nova trilogia (e quem diz que vai ser trilogia? Provável que a Disney faça bem mais filmes do que o previsto), quanto a edição de som clássica dos sons que os Wookies fazem (e acabam sendo reproduzidos também pelos mamíferos gigantes da ilha que o Luke reside e pelos cavalões alienígenas de Canto Bight) e dos sabres de luz e tiros de blasters.
   Falaremos agora das atuações. O melhor de longe é o Mark Hamill. Tipo, não só o Luke tá bem mais complexo que o habitual, mas a atuação dele é MUITO sincera, dá pra ver nos olhos do ator que ele tá se divertindo muito fazendo o Luke, e a prova disso é quando ele encontra o R2D2 e diz "Olá, velho amigo", foi muito legal ver os dois interagindo após 34 fucking anos. A Daisy Ridley tá muito bem como Rey. O Adam Driver tá incrível como Kylo Ren, mais perturbado do que nunca. A Carrie Fischer tá ótima como Leia, como sempre. O Oscar Isaac tá MUITO bem, graças a ele o Poe é meu segundo personagem favorito, porque ele é muito humano. O Domhall Gleeson também tá incrível como sempre, e às vezes funciona até como alívio cômico, vê se pode. O Benicio del Toro também tá, mas o personagem dele é muito estranho e nem parece que é de Star Wars, quase que um Tyler Durden de Clube da Luta. O John Boyega tá mais ou menos como Finn, mas isso eu vou dizer na sessão spoiler e não é muito problema do ator, é mais culpa do roteiro.
   Star Wars Episódio VIII está muito longe de ser o melhor filme da saga e também não chega ao mesmo nível do episódio VII, mas continua sendo um filme muito acima da média e é junto de Baby Driver e Corra! as obras audiovisuais de 2017 que apresentam o melhor entretenimento pro público geral. 8.3/10.
   E se você gostou dessa crítica, ME DIVULGA PELO AMOR DE DEUS, PORQUE SE VOCÊ NÃO FIZER ISSO NINGUÉM MAIS VAI FAZER.
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Quem diz que os Porgs não foram importantes nem gente é. Eles são importantes sim, foram até eleitos à Pessoa do Ano da revista Time.

   Subtextos: Rússia e crítica à indústria armamentista e ao capitalismo

(A partir daqui você está sujeito a levar spoiler)
   Um Youtuber chamado Lucas Zomer já falou como Star Wars, apesar de ser uma franquia de blockbusters, pode apresentar subtextos muito profundos e inteligentes que são colocados em forma de metáfora pra casar com o enredo do filme. Aqui não é diferente, e o arco do Finn e da Rose (e do Benicio del Toro) em particular trabalha muito bem com temas muito profundos. Primeiro, Rússia. Isso foi uma observação que o meu amigo (o Samuel, um forte abraço pra ele) fez em relação a Canto Bight, onde eles fazem um paralelo com a Rússia, um lugar onde praticamente escravizavam pessoas das classes econômicas mais baixas pra garimpar minérios raros como o ouro pra sustentar os luxos dos mais ricos, como os jogos de azar.
   Outro momento é quando o Benicio del Toro explica que "bad guys" e "good guys" são termos inventados que não significam nada pra quem visa o lucro, como o proprietário da nave que vendia armas tanto pro Império quanto pra Aliança. Crítica claríssima ao capitalismo e à indústria armamentista norte-americana.
      Vou tentar ser bem breve porque o texto já tá muito grande. Aquelas coisas que eu não gostei do roteiro. Vamos em ordem: o filme demora pra engrenar, foi aquilo que eu disse sobre recapitular o fim do episódio VII. Não precisava, mas estranhamente funcionou pra mim. Deus Ex Machina: pra quem não sabe o que é isso, é quando ocorre uma coisa que ninguém espera mas, diferente do plot twist, não faz nenhum sentido, é só pra salvar algum personagem querido ou o protagonista, como a Leia usando a força. Geral no sala do cinema ficou maravilhado com aquilo, mas eu não gostei, narrativamente é um erro. Mas quem sou eu, não é mesmo? Que credibilidade eu tenho?
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Tyler Durden AF.

Sessão Spoiler



   Vou tentar ser bem breve porque o texto já tá muito grande. Aquelas coisas que eu não gostei do roteiro. Vamos em ordem: o filme demora pra engrenar, foi aquilo que eu disse sobre recapitular o fim do episódio VII. Não precisava, mas estranhamente funcionou pra mim. Deus Ex Machina: pra quem não sabe o que é isso, é quando ocorre uma coisa que ninguém espera mas, diferente do plot twist, não faz nenhum sentido, é só pra salvar algum personagem querido ou o protagonista, como a Leia usando a força. Geral no sala do cinema ficou maravilhado com aquilo, mas eu não gostei, narrativamente é um erro. Mas quem sou eu, não é mesmo? Que credibilidade eu tenho?
   Barrigas: barriga de roteiro é quando o filme enrola pra contar uma coisa, como o próprio arco da Rose e do Finn em Canto Bight e na nave do Snoke, que poderia ter sido bem mais sucinto. Decisões erradas: o que eu quis dizer com aquilo, pra quem ainda não entendeu, é que tinha o potencial de algo acontecer e você ficar chocado, mas o filme decide ir pelo caminho contrário. Um ótimo exemplo disso é quando o Luke conta quando quis matar o Ben antes de se tornar Kylo Ren porque ele falhou como mestre, aí rola um efeito Yojimbo LOKASSO quando a Rey se conecta com o Kylo Ren através da Força e depois disso o Luke diz "Não, foi só um pensamento que eu tive na hora, mas depois eu desisti e quando eu vi o Ben tava acordado e ele entendeu errado e tentou me matar". Eu, como fã, adoraria que na verdade o Luke quisesse realmente matá-lo. Isso traria uma desconfiança e um conflito muito grande entre a Rey e ele e isso se tornaria muito interessante, o que faria com que a cena que o Kylo Ren abre fogo contra o Luke se tornasse muita mais épica. Da mesma forma que seria épico o sacrifício do Finn pra destruir o canhão do Império se a Rose não estivesse lá e da mesma forma que foi épica quando a Almirante Holdo destruiu a nave do Snoke à velocidade da luz, literalmente, naquela cena sem som que fez geral no cinema quase que pular da cadeira, principalmente pelo próprio arco da personagem que é em si muito "mind-blowing" porque a gente passa metade do filme achando que ela é uma traidora.
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Laura Dern também tá ótima como Holdo


   Por último, mas não menos importante, tem o cameo do Yoda que é muito legal, que usam os efeitos práticos do Yoda fantoche raiz. Bom, se você chegou até aqui, você se importa com a minha opinião, então eu deduzo que gostou do texto. Por isso, ME DIVULGA, PELO AMOR DE DEUS, PORQUE SE VOCÊ NÃO FIZER ISSO, NINGUÉM MAIS VAI FAZER. ME DIVULGA AONDE VOCÊ QUISER, MAS ME DIVULGA.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

A Felicidade Não Se Compra - Funciona melhor que muito antidepressivo por aí

A Felicidade Não Se Compra - Recomendado para todos os sad boys

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   Pelos meus cálculos, eu deveria soltar essa crítica retrô dia 31, mas esse filme me comoveu muito e eu vou passar ele pra frente da lista. Caso vocês queiram saber o porquê dele ter me comovido, recentemente eu tenho dito algumas coisas e tenho me comportado me modo que alguns dos meus amigos começaram a pensar que eu tinha virado sad boy, e de tanto eles me falarem eu passei a acreditar nisso e virei sad boy, embora eu tenho tentado ao máximo esconder isso, aí eu assisti esse filme e eu tô me sentindo bem melhor. Vivaaaaa, chega de escutar My Chemical Romance e Green Day.
   A Felicidade Não Se Compra é um filme de 1946 dirigido pelo grande Frank Capra (Capracorn) e é estrelado pelo homão da porra James Stewart (dono de uma das melhores vozes de veludo de serem ouvidas) e pela Donna Reed (que está muito bem aqui, se levar em conta que é o seu primeiro papel de grande prestígio). O filme é sobre a superação de obstáculos da vida do humilde George Bailey. Porém, acima disso, o filme é feito pra mostrar como somos importantes e devemos preservar as nossas vidas e sermos felizes porque você faz muitas pessoas felizes também (e vivas em alguns casos).
   O filme em si é tecnicamente perfeito. Capra de novo revolucionou os roteiros de cinema com uma jornada de herói completamente cativante. Fotografia com tons mais claros, parecida com a de Casablanca. A edição é do mesmo estilo Kurosawa/George Lucas (que viriam a se tornar cineastas décadas depois) com transições de passagem horizontal (nem sei se vocês conseguiram entender) que ele já tinha usado em A Mulher Faz O Homem (que eu inclusive escrevi crítica e vai sair um por volta de...27 de dezembro, algo assim) e aqui é bem explorada. O som é uma das suas maiores qualidades. Ouvir "Do you want the Moon?" nesse filme é a definição de alto e claro. Não há muito o que dizer da direção de arte, é que nem a trilha sonora de O Extraordinário: funciona; assim como figurino também. Os efeitos especiais são um caso a parte, a sequência dos anjos no começo do longa é meio tosca pra quem vê hoje em dia, mas pra época era bem vistosa (e critativa) se comparar com...Ed Wood. Tá bom, parei.
   Agora, as maiores de todas as inúmeras que o filme tem é o roteiro. Inspirador, embora passe por cada perrengue. Pensa num cara que se sacrificou, então, é muito provável que o George Bailey tenha se sacrificado bem mais (ele ficou surdo de um ouvido quando foi salvar a vida do irmão). E outra, o roteiro é cheio de frases memoráveis como "I'll give you the Moon. I'll throw a lasso and give it to you" que te dão muita animação. Isso sem falar das cenas com o Clarence, que são muito legais, assim como a sequência final ao som de Auld Lang Sine que me fez sorrir, e quem me conhece, eu viro a pessoa mais séria do mundo quando estou assistindo algum filme.
Divulgação
Essa foi a cena que me fez sorrir
   Resumindo, esse filme é muito especial mesmo, e eu vou testar assistir ele om os meus amigos e com alguns amigos no Natal (porque esse filme é um filme natalino. Bom...pelo menos mais que Duro de Matar), porque ele é MUITO inspirador, tanto é que ele foi eleito pelo AFI como filme mais inspirador da história e o AFI é muito respeitado, e ele vai te animar muito, vai te dar forças.
   Mais um fim de um texto gostoso de ser escrito. Agora é a sua vez, se você gostou, se acha que outras pessoas poderiam gostar do que eu escrevo, divulgue essa página. Não, não, é sério agora: SE VOCÊ GOSTOU, DIVULGUE, porque se você não fizer isso, ninguém mais vai fazer.
   Ah não, era temporário esse intervalo de tempo sem a deprimência. Vou é dormir, me acorde quando setembro chegar 😢.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

O Extraordinário - Um ótimo filme, porém uma adaptação medíocre

O Extraordinário - Um ótimo filme, porém uma adaptação medíocre

Extraordinário Poster

   Como é bom ir com o cinema com os amigos, né? Nesse ano lemos "O Extraordinário" como livro literário na minha escola (e devo dizer que foi um dos melhores do ano) e a nossa professora, Raquel, disse que poderíamos assistir a adaptação no cinema quando estreasse este ano, mas até eu ler o livro eu fiquei desanimado com essa ideia pois eu achava que esse livro seria mais um início de franquia de blockbusters baseados em livros de público juvenil. Entretanto "O Extraordinário" se mostrou, não só um ótimo livro, mas um bom filme, apesar de suas falhas na hora de adaptar o roteiro.
   O Extraordinário, dirigido e roteirizado por Stephen Chbosky (o mesmo que fez "As Vantagens De Ser Invisível") e estrelado pelo prodígio Jacob Tremblay ("O Quarto de Jack"), Julia Roberts e Owen Wilson (aliás, essa é a sua melhor atuação desde "Midnight In Paris" do Woody Allen) conta a história de Auggie Pullman, um garoto de 10 anos que tem uma deformidade na face e, por decisão de seus pais, vai para escola, lá ele muda a vida e o comportamento de diversas pessoas.
   O "quê" desse filme (e do livro também) é que ele não procura focar somente no Auggie, mas explora pontos de vistas de vários outros personagens, como o melhor amigo, a irmã, a melhor amiga da irmã. Por um lado, isso enriquece essa história demais, diferente de outros filmes que já tem o propósito de mexer com o psicológico do espectador com uma carga dramática exagerada, como praticamente toda a filmografia do Lasse Hallström (Sempre Ao Seu Lado, Gilbert Grape - Aprendiz de Sonhador, Chocolate), de quem eu já disse anteriormente que não gosto; por outro, não há uma boa transição entre elas. Digo, todas as transições funcionam de forma criativa, sempre relacionando o nome do personagem com algo que é identificável a ele, mas o erro aparece quando termina cada um desses arcos: em momentos aleatórios. Aliás, esse filme tem vários problemas com a montagem, e tudo bem se só um verdadeiro cinéfilo ou crítico reparasse nisso, mas todos da sala repararam que do nada a tela mudou de "lago cristalino" pra "fogos de artifício à noite"...fez zero sentido. Sinceramente, eu não faço ideia como eu entenderia tudo o que estava sendo mostrado se eu não tivesse lido o livro.
   A direção de arte é muito convidativa, enquanto que o figurino e a fotografia tem uma paleta de cores que ajuda a contar a história. O trabalho de maquiagem está surpreendente, principalmente porque não há muito dizendo como o August é esteticamente no livro. A trilha sonora funciona, mas falhas no roteiro. Parte do erro da montagem está no roteiro, o que dificultou muito na hora da direção e da edição, principalmente lá pro final do filme, que foi quando realmente colocam toda a carga dramática que o filme tem a oferecer pra comover quem assiste (uma pena que eu não choro e nunca chorei assistindo filmes), isso resultou na subtrama própria da Miranda, amiga de sua irmã, que é completamente desnecessária já que o que estava sendo mostrado pelo ponto de vista da irmã de Auggie não era rasa o bastante para a necessidade de um arco próprio. Entretanto, o roteiro dá a oportunidade para o espectador não julgar nenhum personagem de forma alguma, pois esse faz o mesmo. Você vê um personagem fazendo algo completamente reprovável, mesmo assim você entende o porque dele fazer isso, ou pelo menos ter uma ideia. E outra, eu simplesmente amei o fato que eles pensaram direitinho de alguma forma para expressar os pensamentos mais profundos do Auggie, e aí vem a parte da atuação.
   Jacob Tremblay mais uma vez dá um show, ele te faz lembrar do seu primeiro dia de aula, com toda aquela insegurança na hora de entrar e isso te faz refletir "Nossa, se foi ruim na minha vez, imagina pra esse menino" e isso dói o coração, toda vez que alguém faz bullying com ele, dói muito o coração porque você já conhece ele e sabe como é um bom menino e mesmo assim descontam muito ódio nele. A Julia Roberts faz o papel da mãe de uma forma espetacular, com uma personalidade maternal muito forte, fazendo com que todas as mães no cinema se identifiquem com pelo menos uma de suas ações, e o melhor, sem os seus maneirismos de comédia romântica com fins de "roubar a cena", porque ela sabe que não vai conseguir, que o foco deve estar no Jacob Tremblay. Owen Wilson funciona bem como alívio cômico, sempre soltando uma ou outra frase que faz o público gargalhar. Izabela Vidovic faz a irmã de Auggie, Via, e ela tem o arco mais complexo, e honestamente, pela idade da atriz (16), eu achava que ela não daria conta de viver a personagem. Pensa só: quase não ter a atenção dos pais e mesmo assim ter que lidar com isso e até mentir pros mesmos devido as circunstâncias para não causar nenhum estresse a mais pra família, além disso, perder o contato com a melhor amiga e ficar completamente só por um bom tempo sem que pudesse reclamar. Isso enlouquece, sabe? Noah Jupe faz o amigo de Auggie, Jack, que tem também uma alta carga dramática, e o que mais me impressionou foram aqueles pequenos gestos que indicavam que antes de virar seu amigo, procurava não ENCOSTAR nele. Aquilo foi sensacional, assim como o choro de culpa após uma briga que ele entra pra defender o amigo, que é muito tocante. Ah, a Sônia Braga faz uma ponta no filme, que apesar de ser importante pra história do livo, é completamente dispensável no filme. O ator que faz o Julian, o bully, também tem o seu momento de glória na hora em que se arrepende do que faz, naquele momento eu fiquei com dó dele, mesmo que nada justificasse as suas ações.

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Tem ele também
   O Extraordinário é tocante, engraçado em alguns momentos precisos que vem a calhar uma risada, muito otimista em relação à humanidade, mas tem seus problemas. Mesmo assim, deve ser assistido por adultos e crianças pois passa uma mensagem muito positiva. 8.5/10

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Eskiya (O Bandido) - Crítica com Spoilers

O Bandido - Esperava muito mais

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   Pela primeira vez eu vou fazer uma crítica negativa. Eskiya, filme turco de 1996, escrito e dirigido por Yavuz Turgul (nunca nem vi) e estrelado mais pelo Ugur Yücel do que pelo Sener Sen, que é o próprio bandido do título. Aqui temos um claro exemplo de um longa que não sabe pra onde ir quando acabam as opções boas e ainda tem bem mais tempo de tela. O filme é sobre um bandido (Sen) que ficou preso por 35 anos e quando finalmente é solto vai atrás de quem o denunciou. Ele descobre que quem o denunciou foi um homem de sua vila e quem o ordenou que fizesse isso foi o antigo amigo do Bandido, Berfo, que mora em Istambul. Indo pra Istambul ele conhece o Jovem Cumali, que trabalha com a máfia da região e é quando começam a aparecer os defeitos do filme.
   Primeiro, os monólogos desnecessários, em uma estação de trem vemos Cumali pondo a cabeça pra fora do trem e vê vários policiais o esperando, então ele vira a cabeça em direção à câmera e diz com uma expressão muito artificial "ah não, tem policiais me esperando na estação, o que eu faço?". Isso poderia funcionar bem no teatro, mas no cinema isso se torna lixo. Depois são apresentados os personagens coadjuvantes. UM MAIS RASO QUE O OUTRO. E O PRÊMIO DE MAIS RASO VAI COM CERTEZA PRO BERFO. Na moral, dá muito bem pra eu resumir o Berfo em uma palavra: fudido. O Berfo é um fudido, anda de cadeira de rodas, tem que usar aqueles tubos de oxigênio e quando o cara que ele traiu retorna a primeira coisa que ele pede é a mulher dele de volta que o Berfo pegou. ELE É SEM DÚVIDAS UM FUDIDO.
   Apesar de ter tramas paralelas interessantes, quando elas acabam você fica se perguntando "caramba, mas e agora? O filme acabou, né?". E a reposta que o filme dá é bem clara: o filme acabou, MAS AINDA TEM 30 MINUTOS DELE, ENTÃO DECIDI QUE VAMOS ENCHER LINGUIÇA. E  é isso que ele faz, o filme enche linguiça até não dar mais, esses trinta minutos foram os mais desnecessários que eu já vi. Pra se ter ideia, 70% dos erros do filme estão nessa meia-hora, problemas técnicos que eu vou falar mais pra frente.
   Já é "mais pra frente", começando com a edição: O Bandido tenta ser inventivo com a sua edição com timing aleatório, mas acaba que fica muito estranha porque de vez em quando ela não respeita a regra dos 180 graus, aí você fica se perguntando "espera, mas ele não tava na esquerda?". Passando pra mixagem de som, novamente, tenta ser inventiva mas no fim ficou terripéssima (inventei um adjetivo novo aqui), tem uma parte em específico que me deixou sem palavras, na verdade sem expressão, eu não sabia se eu ria, se eu chorava, eu fiz meio que os dois porque nem em novela mexicana (e olhe lá) a mixagem de som ficou tão cacofônica. Passando pra direção de arte, esse foi o erro mais WTF? que eu pude encontrar. Basicamente tem uma cena que o Bandido encontra a sua mulher e ela tá tomando chá no meio da passagem dos carros e do lado dela tem um canteiro de tulipas, eu olhei praquilo e pensei "que viajéssa, mermão?". E depois voltamos pro roteiro, aqui vemos um final cheio de simbolismos, fazendo referências com os diálogos rasos anteriores, deixando estes novos ainda mais rasos. A única exceção são poucos segundos em que o Bandido diz uma coisa muito filosófica, se brincar nem foi o roteirista que escreveu aquilo, foi tipo, o aplicador de insulfilm dele, porque tá muito bom pra aquele filme. Tem também um chroma key muito vergonhoso que eu prefiro nem comentar, porque ele treme. Velho, nem The Room tinha chroma key tremido.
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Até "Santana, acabe com ela" é melhor do que a cena acima
   Agora sem brincadeira, o que salva é a direção de fotografia, tem uns tracking shots muito bem bolados, planos que ninguém espera e deixa o espectador deslumbrado, explora bem o potencial das paisagens naturais da Turquia Central e consegue traçar paralelos entre esta e a vista de Istambul, dando até uma incrementada no roteiro mais que problemático.
   O Bandido é fraco, entediante, problemático e com uma direção confusa, mas tem uma ou outra virtude que transformou de alguma forma este como um clássico do cinema turco. 5/10.
   Divulgue a página se você gostou da minha crítica.

domingo, 10 de dezembro de 2017

O Sol É Para Todos - Sugestão Netflix

O Sol É Para Todos - Dica Netflix

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   A adaptação audiovisual do grande clássico homônimo (em inglês, que é "To Kill a Mockingbird") da literatura americana do grande Harper Lee é um desses filmes que pode sair a qualquer momento do catálogo da Netflix pois ninguém o assiste apesar de sua qualidade. O longa de 1962 estrelado por Gregory Peck, Brock Peters e Robert Duvall (o pai do homem de ferro, Robert Downey Jr.) é um retrato do racismo nos estados do sul dos EUA pelo ponto de vista inocente das crianças de um humilde advogado que precisa defender um homem negro acusado de estupro (quase que eu solto um "estrupo" aqui, me perdoem).
   Um filme tocante que merece ser visto por pessoas de todas as idades, credos e cores pois ensina uma lição muito importante sobre a inutilidade do sentimento do ódio e a única verdade que existe, que é que todos são iguais, tanto é que no fim acabaremos nos tornando adubo algum tempo depois da nossa morte.
   Com atuações de alto nível (que foram inclusive premiadas) e grandes conquistas com direção de arte e a fotografia preto e branco (apesar de já parecer antiquada para aquela época, década de 60), sem contar na boa adaptação do livro pro roteiro, "O Sol É Para Todos" ou "To Kill A Mockingbird" é um clássico obrigatório.
   Nem vou dar nota, vocês que tirem a sua conclusão ao assistir, se gostou desse novo formato, com um texto mais curto, por favor digam nos comentários e divulguem a página àquele(a) amigo(a) seu(sua) que gosta de cinema.

P.S.: Eu gostaria de dizer que isso não é plágio do Pablo Villaça, porque eu sei que ele também já indicou esse filme lá no Cinema Em Cena, mas não é plágio, fiquem tranquilos.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Dia de Cão - Sugestão cult

Dia de Cão - Sugestão cult (Crítica)

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   Dia de Cão é um filme de 1975 dirigido por Sidney Lumet e estrelado por ninguém mais ninguém menos que Al Pacino. A trama é sobre um roubo a um banco que acaba dando errado e isso causa um efeito borboleta enorme sobre um dos ladrões e os policiais que negociam a libertação dos reféns.
   Primeiramente eu gostaria de expressar a minha surpresa na edição, ela estava muito a frente do seu tempo, quase que flertando ao ritmo frenético de filmes da última década, como "Réquiem Para Um Sonho" e "Ultimato Bourne". A outra grande virtude do filme é o roteiro do Frank Pierson (que foi inclusive um dos roteiristas de Cool Hand Luke, filme do qual eu recentemente analisei: https://contraplongeereviews.blogspot.com/b/post-preview?token=IGXjJ2ABAAA.837rzy7Nea0w76zdIMPliPXcz780YMUn_Mb9xbBncZCzO8zlrWCmHwgyU1UTVrxH0YJPyXQVRKylbnMP7QtFDg.AWGb8ci1fglUqUuaz96wzw&postId=109846989368747792&type=POST), que possui diálogos muito realistas, e não é pra menos, porque esse filme foi baseado em uma história real, com falas memoráveis e que se encaixam muito bem com o contexto histórico que os Estados Unidos viviam na época (como podemos ver quando o personagem do Al Pacino critica o caso da prisão de Attica, onde foram mortos pela polícia 39 pessoas, desses, 10 eram reféns com a célebre fala "Attica!Attica!", e foi nesse momento que eu percebi que o nome da prisão tem pronúncia idêntica a "Érica") e sem nenhuma facilitação narrativa pra passar o tempo mais rápido, não é à toa que o filme ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado.
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"ÉRICA! ÉRICA!"
   Passando para a parte das atuações, Al Pacino aqui apresenta uma performance distinta à sua filmografia anterior, aqui ele faz um personagem com muitas camadas de personalidade, o que permite que sua atuação seja mais rica do filme, aliás, a atuação dele e a do Investigador Moretti são as duas únicas que me chamaram atenção, praticamente todo o elenco de apoio poderia ser substituído, mas o orçamento do filme também não era muito grande se você for ver, essa ainda era a época em que o Sidney Lumet só fazia filme indie, só um ano depois que ele ia vir com Rede de Intrigas e Assassinato do Expresso Oriente.
   A fotografia é concentrada em cores pastéis, talvez pra simbolizar a opressão e angústia, que pode também ser encontrada em repartições públicas que precisam de muita burocracia antes que o seu pedido seja realizado, como em um banco por si só, mas acaba deixando o filme monótono para muitos, aliás, boa direção de arte também, me deixou com muito tédio, se era esse intuito.
   Dia de Cão é um exemplo de filme independente maravilhoso, tocando em temas polêmicos pra época, como a transsexualidade e a violência policial, com roteiro reflexivo e engraçado e uma das melhores atuações de Al Pacino, o filme não fica atrás quando se fala de popularidade. Sendo um filme revolucionário pra época, mostrado o lado das coisas que poucos tem acesso (pra mim essa é a marca registrada do Lumet, e do Forman, mas ele não vem ao caso), como os circos midiáticos montados sobre qualquer coisa de razoável relevância, Dia de Cão deve ser assistido apesar de ter as suas falhas. Nota 8,5/10.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Cool Hand Luke - Crítica

Cool Hand Luke - Crítica


   Eu poderia muito bem ter usado a tradução do nome do filme aqui do Brasil ("Bravura Indomável"), mas eu não gosto dessa então deixa o titulo original mesmo.
   Cool Hand Luke é um filme de 1967 dirigido por Stuart Rosenberg e estrela Paul Newman como Lucas Jackson, um detento acusado de vandalismo que se recusa a obedecer o sistema dentro da prisão e isso mexe com o psicológico todos lá de dentro. Eu tenho um péssimo hábito de assistir certos filmes sem saber direito a trama deles, então quando eu vou realmente assistir eu acabo me dispersando porque nada me chama atenção. Dessa vez, apesar de ter lido a premissa no IMDb, eu achei a mesma fraca, mesmo assim eu vi porque faz parte do IMDb Top 250 (pra quem não sabe, eu tenho a meta de assistir todos os filmes da lista que eu ainda não assisti até o fim desse ano) e eu me vi completamente equivocado com relação ao pré-conceito que tive sobre a premissa do filme.
   Apesar dela parecer bem genérica e jurar ter visto a mesma coisa em outros filmes só que de outra maneira (cof..cof..À Espera de Um Milagre), esse filme tem a sua originalidade por ter sido o primeiro dessa linha de grandes clássicos (apesar de eu nunca ter visto alguém falar de Cool Hand Luke), mas principalmente vemos alguns dos shots mais criativos da sétima arte, que eu não sei o porquê, eu nunca mais vi eles sendo representados em qualquer outra obra. O exemplo mais evidente é o icônico (novamente intervenho pra dizer que ele é icônico dentro do filme, assim como quase tudo nele, Cool Hand Luke é um tesouro perdido, tipo "Kes" do Ken Loach) shot, que também é uma ótima metáfora de direção, dos óculos espelhados do Boss Godfrey, que transmite a sensação de ameaça. Eu pessoalmente achei essa ideia genial, filmar o reflexo de óculos escuros espelhados foi muito criativo.

   A edição dinâmica e mixagem de som frenética também ajuda na hora de criar a atmosfera do longa, apesar da edição de som estourar algumas vezes, como o cachorro da polícia fica preso na cerca e ele começa a uivar, o áudio dá um estourada básica, mas se brincar foi de propósito pra criar aquela mesma ideia de ameaça e euforia.
   As atuações aqui estão impecáveis, Paul Newman faz um anti-herói daqueles que você observa ele, ouve o que ele diz e pensa "caraca, ela tá certo, não é porque isso é o seu dever que isso tá certo, olha em volta", nesse caso foi mérito do roteiro reflexivo de Donn Pearce que deixam claras as motivações do protagonista e enriquece a experiência do espectador, mas enfim, você torce pro protagonista, detesta o capitão psicopata que o Strother Martin faz (nunca ouvi falar nele, nunca nem vi) e ri junto com o personagem George Kennedy que funciona muito bem como alívio cômico, apesar do seu arco trágico. Nem falei da trilha sonora que acompanha muito bem a história e tem uma melodia que poderia ser repetitiva, mas o compositor tem uma magia que faz a gente amar ela cada vez mais.
   Cool Hand Luke é criativo, revolucionário e uma pérola negra muito bem escondida na sétima arte, impecável em todos os aspectos (nem falei da memorable quote que tem no filme, que é muito significativa) e merece ser assistido, de preferência até o final porque as últimas cenas, principalmente a que tem narração do George Kennedy, é muito emocionante. Nota 10.
   Divulgue a página se você gostou do que você leu.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

OK Go - Analogias visuais incríveis

OK Go - Analogias visuais incríveis


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   Você já parou pra pensar como linguagem corporal combinada com a própria fala é uma coisa incrível? Como se fosse um reforço para que o interlocutor captasse a mensagem? Algumas pessoas devem achar isso desnecessário, e às vezes infantil, pois isso pode fazer com que a comunicação se torne mais lenta, mas eu pessoalmente acho fantástica essa linguagem mista.
   No audiovisual você pode encontrar exemplos dessa linguagem mista em diversas formas, mas a mais bacana é com certeza a junção da música com a linguagem verbal ou com movimentos (esta última é chamada de Mickey Mousing e eu inclusive citei ela na minha crítica de um dos melhores filmes do ano, Baby Driver: http://contraplongeereviews.blogspot.com.br/2017/08/baby-driver-is-it-best-of-edgar-wright.html, que fez um bom uso de juntar a letra da música com elementos em cena) Muitos não gostam disso, mas eu acho um recurso fascinante
   Em todos os meios comunicativos, é possível encontrar pessoas e grupos que fazem bom uso destas técnicas, como o próprio Edgar Wright, diretor de Baby Driver, Scott Pilgrim vs. The World e da trilogia Cornetto, e a banda americana OK Go, que é com certeza uma das que mais chama atenção pelos seus clipes extravagantes e quase que impossíveis de serem gravados que normalmente começam com a mesma mensagem: "Tudo o que vocês vão ver é real", cujo o clipe por si só é uma analogia visual com a letra da música.
   O premiado quarteto de rock de Los Angeles tem um currículo razoavelmente conhecido devido principalmente ao segundo álbum do grupo, "Oh No", no qual eles introduziram a produção de clipes altamente criativos, inclusive com o ganhador do Grammy de melhor videoclipe, "Here It Goes Again", o famoso vídeo da dança das esteiras que eu pessoalmente acho muito legal.
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   Passando por um processo criativo bem atípico e meticuloso, a banda pensa muito fora da caixa quando se trata em planejar os videoclipes, e isso foi inclusive o tema de várias músicas (e clipes), como "Upside Down & Inside Out", cujo clipe foi gravado em gravidade zero dentro de um daqueles aviões de carga especializados para este tipo de voo, criando uma analogia visual com a letra que diz "gravidade é apenas um hábito que você tem certeza que não pode quebrar", uma clara referência de você se prender nas ideias já impostas na sociedade e achar que não se pode fazer nada em relação a isso, ignorar o fato de que você é livre para pensar e agir.
   Esse texto deve estar parecendo como uma propaganda pra OK Go (e quem disse que não é?), mas na verdade eu quero divulgar o trabalho deles, que é muito genial mas não muito valorizado, já que não se vê por aí gente comentando como foi legal alguém criar um stop-motion a partir que um cortador a laser em centenas de torradas (sim, eles fizeram isso no clipe de "The Last Leaf") ou uma máquina de Rube Goldberg com mais de 130 elementos que incluía um carro e canhões de tinta ("This Too Shall Pass") ou uma coreografia LOKASSA de guarda-chuvas gravada em um estacionamento abandonado de Tóquio por um drone há 800 metros de altura ("I Won't Let You Down", esse último geral acha que é CGI, mas na verdade é real). Então uma banda que já alcançou tal nível de produção artística e você provavelmente nem saber o nome dela, você não sabe o que está perdendo, eles merecem muito mais público mesmo e é isso o que eu tô querendo buscar.
   Outra razão pra eu escrever isso é porque eu não assisti nenhum filme nos últimos dois dias então nem tem sobre o quê eu escrever crítica, mas isso não vem ao caso, apreciem o trabalho dos caras e depois me agradeçam.
   Se gostou (e eu nem sei como você vai conseguir, o texto de hoje ficou muito ruim, considerando que eu tô trabalhando nele há mais de uma hora), divulgue.