Paddington 2 - Crítica
A continuação de um dos filmes mais subestimados de 2015, "As Aventuras de Paddington", que conta a história da integração de um urso peruano em uma família londrina, realiza o mesmo feito do original de ser um filme despretensioso para todas as idades, mas com uma qualidade técnica absurda e um roteiro invejável cheio de nuances profundas sobre assuntos delicados como imigração e xenofobia (principalmente xenofobia).
Nessa nova aventura, o urso Paddington vai a procura de um presente para a sua tia Lucy que está no Peru e gostaria de visitar Londres. Ele encontra o presente perfeito, um livro pop-up de 12 pontos turísticos de Londres dos quais a tia Lucy adoraria ver. Acontece que esse livro é muito caro, o que chama a atenção do ator Phoenix Buchanan (Hugh Grant) que sabe algo sobre esse livro que os outros não sabem, então ele decide roubar o livro, mas quem acaba sendo acusado do crime é Paddington, e ele acaba sendo preso. Enquanto que a família Brown, com quem ele costumava morar, vai atrás do verdadeiro culpado.
Como vocês, leitores, parecem ter notado, a primeira coisa que eu reparo nos filmes é a composição visual, ou seja, a direção de fotografia, direção de arte e figurino. Sobre Paddington 2, eu não estou querendo acusar ninguém de plágio, MAS, o filme é MUITO parecido com "Grande Hotel Budapeste" do Wes Anderson, praticamente idêntico visualmente (e narrativamente em algumas situações, quem assistir vai entender). Mas isso de forma alguma desmerece o trabalho da equipe técnica do filme, afinal, assim como o filme do Anderson, este é deslumbrante.
Fora os aspectos estéticos, o que me chamou atenção foi a computação gráfica usada para construir o corpo do Paddington e dos tios dele. É muito bem feito, nem parece que é computadorizado. Digo, a gente só percebe isso quando ele abre a boca pra falar e pra fazer as piruletas dele, que são coisas que ursos normalmente não fazem...né???
A atmosfera do filme é muito bem, construída com fins quase que óbvios de criar aquele ambiente completamente agradável, mas desafiador, de forma que haja muito para os personagens explorarem. E é aí que a trilha sonora entra. Alternando entre passadas melódicas agudas que transmitem alegria junto de um órgão grave que serve para criar a tensão necessária e a banda "Tobago and d'Lime" que já estava presente no outro filme e que aqui faz algo completamente inovador quando se fala de semi-diegese mas que acaba irritando um pouco quando chega ao ponto de narrar de uma forma mal disfarçada tudo o que está passando na frente da tela.
Sobre as interpretações, não há muito sobre o que reclamar. O Ben Whishaw, que já tem uma carreira de ator bem estabelecida, aqui faz um trabalho de voz incrível e único dublando Paddington Brown. O Hugh Bonneville aparece aqui bem mais maduro do que no filme anterior, mostrando que agora o Paddington é como um filho para ele e não apenas um estrangeiro que está morando em sua casa. 2017 foi o ano da Sally Hawkins, a sua personagem já demonstrava muita compaixão e simpatia no primeiro filme, mas aqui, além de tudo isso, ela também demonstra uma postura elegante, além de parecer mais inteligente. É raro ver uma personagem coadjuvante, e em certa posição de vítima, ter um intelecto tão aguçado. A Julie Walters aparece bem menos caricata aqui, e isso é bom. Eu senti falta disso no primeiro filme. Por último mas não menos importante, o Hugh Grant faz um vilão que funciona bem melhor do que a Nicole Kidman no primeiro, principalmente porque, diferente da zoóloga que Kidman vivia, Phoenix Buchanan é um personagem muito mais real, palpável. Um ator em decadência que vai fazer de tudo para voltar ao estrelato é uma ideia que é pelo menos concebível. O melhor é que, além de tudo isso, seu personagem é o mais desenvolvido e ao mesmo tempo discreto, o que faz com que Grant roube a cena mas não ao ponto de limitar o tempo em cena dos outros artistas. O resto do elenco não está ruim, mas também é muito relevante falar sobre eles.
O que me irritou nesse filme foram algumas facilitações narrativas daquelas que o público infantil não vai questionar que envolviam principalmente os personagens da Madeleine Harris e do Samuel Joslin. Isso sem falar de um fato no terceiro ato envolvendo o arco do Brendan Gleeson que é claramente ilógico, mas é um daqueles fatos que alegra o público, então não muito sobre o que comentar.
Paddington 2 usa e abusa do humor físico digno de aplausos do próprio Buster Keaton, o que o faz divertidíssimo, além disso, é lindo, despretensioso, adorável e charmoso. Corrige vários erros presentes no primeiro filme mas não tem uma estrutura completamente estável. Nota 9/10. Me divulguem.
É muito triste que esse filme claramente passará despercebido pelo público mais crescido que já está farto de filmes irritantes que misturam personagens de live-action com personagens computação gráfica como Garfield- O Filme, Alvin e os Esquilos 😤 e a franquia dos Smurfs. Mas este é diferente pois insere um personagem clássico no cenário contemporâneo sem se tornar desagradável, condescendente ou cafona" (palavras da The Hollywood Reporter) e apresentando um contexto muito atual que é sempre discutido mas não chega ao público infantil. Isso sem contar do crossover que o filme faz com "The Shape of Water".
Nessa nova aventura, o urso Paddington vai a procura de um presente para a sua tia Lucy que está no Peru e gostaria de visitar Londres. Ele encontra o presente perfeito, um livro pop-up de 12 pontos turísticos de Londres dos quais a tia Lucy adoraria ver. Acontece que esse livro é muito caro, o que chama a atenção do ator Phoenix Buchanan (Hugh Grant) que sabe algo sobre esse livro que os outros não sabem, então ele decide roubar o livro, mas quem acaba sendo acusado do crime é Paddington, e ele acaba sendo preso. Enquanto que a família Brown, com quem ele costumava morar, vai atrás do verdadeiro culpado.
Como vocês, leitores, parecem ter notado, a primeira coisa que eu reparo nos filmes é a composição visual, ou seja, a direção de fotografia, direção de arte e figurino. Sobre Paddington 2, eu não estou querendo acusar ninguém de plágio, MAS, o filme é MUITO parecido com "Grande Hotel Budapeste" do Wes Anderson, praticamente idêntico visualmente (e narrativamente em algumas situações, quem assistir vai entender). Mas isso de forma alguma desmerece o trabalho da equipe técnica do filme, afinal, assim como o filme do Anderson, este é deslumbrante.
Fora os aspectos estéticos, o que me chamou atenção foi a computação gráfica usada para construir o corpo do Paddington e dos tios dele. É muito bem feito, nem parece que é computadorizado. Digo, a gente só percebe isso quando ele abre a boca pra falar e pra fazer as piruletas dele, que são coisas que ursos normalmente não fazem...né???
A atmosfera do filme é muito bem, construída com fins quase que óbvios de criar aquele ambiente completamente agradável, mas desafiador, de forma que haja muito para os personagens explorarem. E é aí que a trilha sonora entra. Alternando entre passadas melódicas agudas que transmitem alegria junto de um órgão grave que serve para criar a tensão necessária e a banda "Tobago and d'Lime" que já estava presente no outro filme e que aqui faz algo completamente inovador quando se fala de semi-diegese mas que acaba irritando um pouco quando chega ao ponto de narrar de uma forma mal disfarçada tudo o que está passando na frente da tela.
Sobre as interpretações, não há muito sobre o que reclamar. O Ben Whishaw, que já tem uma carreira de ator bem estabelecida, aqui faz um trabalho de voz incrível e único dublando Paddington Brown. O Hugh Bonneville aparece aqui bem mais maduro do que no filme anterior, mostrando que agora o Paddington é como um filho para ele e não apenas um estrangeiro que está morando em sua casa. 2017 foi o ano da Sally Hawkins, a sua personagem já demonstrava muita compaixão e simpatia no primeiro filme, mas aqui, além de tudo isso, ela também demonstra uma postura elegante, além de parecer mais inteligente. É raro ver uma personagem coadjuvante, e em certa posição de vítima, ter um intelecto tão aguçado. A Julie Walters aparece bem menos caricata aqui, e isso é bom. Eu senti falta disso no primeiro filme. Por último mas não menos importante, o Hugh Grant faz um vilão que funciona bem melhor do que a Nicole Kidman no primeiro, principalmente porque, diferente da zoóloga que Kidman vivia, Phoenix Buchanan é um personagem muito mais real, palpável. Um ator em decadência que vai fazer de tudo para voltar ao estrelato é uma ideia que é pelo menos concebível. O melhor é que, além de tudo isso, seu personagem é o mais desenvolvido e ao mesmo tempo discreto, o que faz com que Grant roube a cena mas não ao ponto de limitar o tempo em cena dos outros artistas. O resto do elenco não está ruim, mas também é muito relevante falar sobre eles.
O que me irritou nesse filme foram algumas facilitações narrativas daquelas que o público infantil não vai questionar que envolviam principalmente os personagens da Madeleine Harris e do Samuel Joslin. Isso sem falar de um fato no terceiro ato envolvendo o arco do Brendan Gleeson que é claramente ilógico, mas é um daqueles fatos que alegra o público, então não muito sobre o que comentar.
Paddington 2 usa e abusa do humor físico digno de aplausos do próprio Buster Keaton, o que o faz divertidíssimo, além disso, é lindo, despretensioso, adorável e charmoso. Corrige vários erros presentes no primeiro filme mas não tem uma estrutura completamente estável. Nota 9/10. Me divulguem.
É muito triste que esse filme claramente passará despercebido pelo público mais crescido que já está farto de filmes irritantes que misturam personagens de live-action com personagens computação gráfica como Garfield- O Filme, Alvin e os Esquilos 😤 e a franquia dos Smurfs. Mas este é diferente pois insere um personagem clássico no cenário contemporâneo sem se tornar desagradável, condescendente ou cafona" (palavras da The Hollywood Reporter) e apresentando um contexto muito atual que é sempre discutido mas não chega ao público infantil. Isso sem contar do crossover que o filme faz com "The Shape of Water".
(Só botei isso pra vocês também lerem a crítica de The Shape of Water: The Shape of Wter - Crítica)
Ameeeeei a critica. Ótimo trabalho.
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