I, Tonya - "Os Bons Companheiros" da patinação no gelo
Como foi que eu deixei de ver esse filme na época em que eu estava fazendo o meu Top 25 dos melhores filmes do ano (aliás, aqui está o link para este post: Melhores do ano)?
A cinebiografia da patinadora de gelo Tonya Harding, que se tornou uma das pessoas mais odiadas do mundo do esporte após um ataque contra a sua concorrente, Nancy Kerrigan, nas sessões de prática do campeonato nacional de 1993, é muito diferente de qualquer filme do gênero por dispensar o realismo que 90% dos diretores usariam ao invés da abordagem que mescla um humor negro e sarcástico com um drama envolvente que o diretor Craig Millespie fez.
A maior parte disso vem do roteiro de Steven Rogers. Ele fez questão, assim como fizeram em "O Artista do Desastre", de não tornar Tonya Harding motivo de chacota mesmo sabendo que a mesma seria um alvo fácil. Muito pelo contrário, aqui até quem mais odeia ela sentirá uma profunda simpatia pela protagonista devido à sua garra e perseverança que prevaleceram em quase todos os momentos. O roteiro tem diversas outras virtudes, como as quebras de quarta parede que apresentam um timing cômico perfeito e as narrações que funcionam (o que é raro...MUITO raro) e até mesmo a pegada mockumentary que poderia muito bem estragar o filme por já ser uma técnica batida por ser tão não mainstream (Neill Blomkamp quem diga).
Esteticamente falando, "I, Tonya" não chega a ser um "Blade Runner 2049" mas também tem o seu apreço e faz um bom uso dos seus aspectos visuais para ajudar nessa atmosfera sem precedentes (aliás, aqui está uma expressão que define muito bem esse filme: sem precedentes). A direção de fotografia traz à tona um senso de caos e simplicidade ao mesmo tempo que reflete muito bem o que a vida de Tonya é e sempre foi e que se acentua com a direção de arte e até mesmo a maquiagem (o que eu quase nunca olho em filmes que tem um personagem com alguma deformação ou místico, mas que nesse filme eu tive que reparar pela sua importância na narrativa). O figurino é apenas bonito, não tem muito o que falar do figurino.
Assim como "Bingo - O Rei das Manhãs", "Guardiões da Galáxia - Volume II" e "Atômica", "I, Tonya" é mais um filme de 2017 cuja trilha sonora levanta um ar muito nostálgico com uma ótima seleção de grandes sucessos dos anos 80. A edição é legalzinha, mas tem alguns cortes cuja finalidade era fazer uma rima visual e que não funcionam muito bem. Não há nada para reclamar da edição e da montagem de som.
I, Tonya é um filme sem precedentes. Poderia simplesmente ter seguido as convenções do gênero mas foi por um caminho bem mais divertido e original. Reconta uma história importante para a história do esporte americano de uma forma nunca antes contada de forma que você sinta empatia pela protagonista já que de certa forma, todos já estiveram no lugar dela, como vítima de uma estupidez arbitrária feita por outra pessoa mas que você teve que assumir a culpa mesmo sabendo que não fez nada de errado. É belo, hilário, triste, único, às vezes estranho e eclético. Mas justamente por não escolher um gênero específico, acaba mostrando algumas falhas técnicas. 9.7/10. Recomendo muitíssimo.
Se gostou, me divulguem.
A cinebiografia da patinadora de gelo Tonya Harding, que se tornou uma das pessoas mais odiadas do mundo do esporte após um ataque contra a sua concorrente, Nancy Kerrigan, nas sessões de prática do campeonato nacional de 1993, é muito diferente de qualquer filme do gênero por dispensar o realismo que 90% dos diretores usariam ao invés da abordagem que mescla um humor negro e sarcástico com um drama envolvente que o diretor Craig Millespie fez.
A maior parte disso vem do roteiro de Steven Rogers. Ele fez questão, assim como fizeram em "O Artista do Desastre", de não tornar Tonya Harding motivo de chacota mesmo sabendo que a mesma seria um alvo fácil. Muito pelo contrário, aqui até quem mais odeia ela sentirá uma profunda simpatia pela protagonista devido à sua garra e perseverança que prevaleceram em quase todos os momentos. O roteiro tem diversas outras virtudes, como as quebras de quarta parede que apresentam um timing cômico perfeito e as narrações que funcionam (o que é raro...MUITO raro) e até mesmo a pegada mockumentary que poderia muito bem estragar o filme por já ser uma técnica batida por ser tão não mainstream (Neill Blomkamp quem diga).
Esteticamente falando, "I, Tonya" não chega a ser um "Blade Runner 2049" mas também tem o seu apreço e faz um bom uso dos seus aspectos visuais para ajudar nessa atmosfera sem precedentes (aliás, aqui está uma expressão que define muito bem esse filme: sem precedentes). A direção de fotografia traz à tona um senso de caos e simplicidade ao mesmo tempo que reflete muito bem o que a vida de Tonya é e sempre foi e que se acentua com a direção de arte e até mesmo a maquiagem (o que eu quase nunca olho em filmes que tem um personagem com alguma deformação ou místico, mas que nesse filme eu tive que reparar pela sua importância na narrativa). O figurino é apenas bonito, não tem muito o que falar do figurino.
Assim como "Bingo - O Rei das Manhãs", "Guardiões da Galáxia - Volume II" e "Atômica", "I, Tonya" é mais um filme de 2017 cuja trilha sonora levanta um ar muito nostálgico com uma ótima seleção de grandes sucessos dos anos 80. A edição é legalzinha, mas tem alguns cortes cuja finalidade era fazer uma rima visual e que não funcionam muito bem. Não há nada para reclamar da edição e da montagem de som.
Contendo a frustração
Margot Robbie, apesar de sua carreira curtíssima e tecnicamente instável, é muita querida na indústria e aqui está fazendo o seu melhor trabalho como a fase jovem e adulta de Tonya, uma mulher que sempre teve que ir atrás do que queria pois nunca teve muitas oportunidades devido à sua baixa escolaridade, já que teve que se dedicar inteiramente ao esporte, muito pela rigidez da mãe que, não só a influenciou mas complexou ainda mais a personalidade de Tonya. Mas os melhores momentos são quando ela tem que reter os seus sentimentos. Aliás, estas cenas em específico deveriam ser exibidas em escolas de teatro pra mostrar o que é viver inteiramente um personagem. Vale uma indicação ao Oscar. Outra que vai provavelmente ser reconhecida pelos membros da Academia (e provavelmente ganhar) é a Allison Janney. Ela arrasa como uma mãe abusiva e restrita que sempre acha o que é o melhor para a filha mas que raramente está certa. Por outro lado, boa parte do humor do filme se concentra nela. Quem também está ótima é a McKenna Grace que faz a versão criança da Tonya. Eu já havia feito um bom papel em "Um Laço de Amor" e aqui ela está ainda melhor, principalmente em uma cena que é de partir o coração de qualquer um. Sebastian Stan está razoável fazendo um homem muito inteligente e que consegue manter as coisas sobre controle depois do incidente com Kerrigan, mas também é marido abusivo. Por fim, Paul Walter House é mediano mas consegue fazer um personagem engraçado e odiável como o guarda-costas de Tonya que é o verdadeiro culpado pelo fim da carreira de Tonya (pelo menos ao meu ver).I, Tonya é um filme sem precedentes. Poderia simplesmente ter seguido as convenções do gênero mas foi por um caminho bem mais divertido e original. Reconta uma história importante para a história do esporte americano de uma forma nunca antes contada de forma que você sinta empatia pela protagonista já que de certa forma, todos já estiveram no lugar dela, como vítima de uma estupidez arbitrária feita por outra pessoa mas que você teve que assumir a culpa mesmo sabendo que não fez nada de errado. É belo, hilário, triste, único, às vezes estranho e eclético. Mas justamente por não escolher um gênero específico, acaba mostrando algumas falhas técnicas. 9.7/10. Recomendo muitíssimo.
Se gostou, me divulguem.
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