quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

A Forma da Água - Crítica

A Forma da Água - Crítica


   O novo filme do mestre do horror contemporâneo, Guillermo del Toro (será que eu elevei muito a imagem dele?), que vai estrear aqui no Brasil em breve, "A Forma da Água" conta a história de Eliza, vivida por uma tocante Sally Hawkins nunca antes vista, uma limpadora muda do laboratório de segurança máxima do governo americano em Baltimore no ano 1962 que passa a conviver com uma criatura aquática que é mantida lá dentro e ambos acabam desenvolvendo uma proximidade maior, principalmente devido a essa deficiência que ambos tem com a linguagem verbal.
   O primeiro ponto que eu gostaria de chamar a atenção foi com relação à direção de arte , que buscou a total predominância de verde nos cenários. O que, não só me lembrou "Amélie" (o que eu reforcei na minha página do letterboxd que eu só uso para sacadinhas: Sacadinha - The Shape of Water), mas também consegui traçar um paralelo entre isso com o uso frequente da cor verde com o elemento da água nos contos da Lygia Fagundes Telles, algo que ela usa para representar a transformação e a renovação, como em "Natal na Barca" (eu estou muito orgulhoso porque aparentemente eu fui o único a ligar esses pontos), duas coisas que tem muito a ver com o filme.
   O que eu também achei bastante diferente foi como o Del Toro e a Vanessa Taylor tomaram algumas decisões no roteiro que deixaram o filme com um ar quase que lúdico para introduzir a relação entre a Eliza e o seu vizinho, Giles, que fora a sua colega de trabalho, Zelda, vivida por uma Octavia Spencer que esbanja carisma como sempre, é seu amigo mais próximo. A cena do sapateado, fazendo uma rima visual com os filmes da Shirley Temple quando criança é um dos momentos mais elegantes e fofos do cinema em 2017.
   As subtramas também são sensacionais. Michael Shannon tem chances de outra indicação por Melhor Ator Coadjuvante no Oscar desse ano, apesar de sua participação ser menor do que em "Animais Noturnos" (filme do qual ele foi reconhecido pela Academia ano passado), mas ter uma qualidade semelhante; vivendo um estereótipo muito bem construído do pai de família conservador que segue meticulosamente o "American Way of Life". O mesmo serve para o Michael Stuhlbarg que me surpreendeu muito por fazer um personagem completamente diferente do que ele normalmente interpreta. 
   Por último mas não menos importante, vem a maquiagem (que merece apresentações, como em
"O Labirinto do Fauno") e quem está po baixo dela, Doug Jones. Quem, para mim, junto com Andy Serkis, são os únicos dois atores que conseguem passar tamanha dramaticidade com tantas camadas físicas (e computadorizadas) que poderiam simplesmente atrapalhar e transformar os personagens que interpretam em meros elementos artificiais.

   O único contra do filme, assim dizendo, é o fim, que agrada o público mas é bastante meloso. Quem assistir vai entender. 9.7/10. Se você gostou, DIVULGUE

2 comentários:

  1. Considero que todos os aspectos do filme estiveram muitos cuidados. Michael Shannon fez um ótimo trabalho no filme. Eu vi que seu próximo projeto, Fahrenheit 451 será lançado em breve. Acho que será ótimo! Adoro ler livros, cada um é diferente na narrativa e nos personagens, é bom que cada vez mais diretores e atores se aventurem a realizar filmes baseados em livros. Acho que Fahrenheit 451 sera excelente! Se tornou em uma das minhas histórias preferidas desde que li o livro, quando soube que seria adaptado a um filme, fiquei na dúvida se eu a desfrutaria tanto como na versão impressa. Acabo de ver o trailer da adaptação do livro, na verdade parece muito boa, li o livro faz um tempo, mas acho que terei que ler novamente, para não perder nenhum detalhe. Sera um dos melhores filmes de ficção cientifica acho que é uma boa idéia fazer este tipo de adaptações cinematográficas.

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    1. Peço perdão pela demora. Como reagiu à adaptação da HBO de Farenheit 451? Eu, pessoalmente, detestei. Além de ser um desserviço técnico a tudo que ele propõe (que acaba parecendo mais um episódio de "Black Mirror" do que uma obra individual com valores próprios), também acaba resultando em uma confusão narrativa que distancia a obra tanto da adaptação original de 1966 do Truffault, como do romance por si só. Boa noite e bons filmes, como diria Pablo Villaça

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