The 15:17 to Paris - Clint Eastwood está velho demais para fazer filmes
Os últimos filmes de Eastwood vieram trazendo uma temática muito específica: "heróis americanos dos últimos 10 anos". Aqui não é diferente. Assim como em "American Sniper" e "Sully", seu filme mais recente, "The 15:17 to Paris", conta a história verídica de cidadãos americanos que salvaram muitas vidas. Mais precisamente, o filme retrata a história dos três jovens, Alek Skarlatos, Spencer Stone e Anthony Sadler, que faziam um mochilão na Europa quando, no trem em que eles viajavam que vinha de Amsterdã e ia para Paris, evitaram um atentado terrorista e foram reconhecidos internacionalmente.
Eu, particularmente, não gosto muito desses filmes do Eastwood que tem pretensão de fazer propaganda de como o governo norte-americano forma cidadãos exemplares (de "Sully" eu até gostei, mas odiei "American Sniper"). Eu nunca tive algo contra eles tecnicamente falando, ambos são muito bem dirigidos e executados. É uma questão de gosto mesmo. Porém, neste mais recente sobre o atentado no trem, ele não só é extremamente monótono, mas também é mal interpretado e podia muito bem ser condensado em um curta de 20 minutos apenas com as partes que nós, o público, realmente importaríamos. Algo que o diretor do curta indicado ao Oscar "DeKalb Elementary", que tem uma temática igualmente pesada, optou e acertou. Mas vamos por partes.
O roteiro é uma bagunça. Apesar de ter seus três atos muito bem separados, eles são abruptamente interrompidos em certos momentos apenas para mostrar flashes do que está para acontecer e que futuramente será recapitulado com EXATAMENTE O MESMO TAKE. Seria legal se estas interrupções fossem propositalmente colocadas naqueles momentos para fazer um paralelo com a vida dos protagonistas, mas a impressão que dá é que a roteirista, Dorothy Blyskal (que não tem um currículo muito memorável, diga-se de passagem), os colocou na narrativa de forma completamente aleatória. Para piorar, parece é visível algo bem maior do que uma "referência" a outros filmes, como "Nascido Para Matar", o recente "Lady Bird" (aliás, aqui está a crítica do mesmo para quem não leu ainda: Crítica de Lady Bird) no primeiro ato, e até mesmo o besteirol "Eurotrip". Aliás, eu fiquei muito desconfortável com o segundo ato que já se passa na Europa. Isso porque ele é completamente parado e não tem absolutamente NADA a dizer. São apenas algumas sequências (muitas delas incrivelmente superficiais) dos protagonistas passeando pelas grandes cidades europeias.
Também, diferente dos outros filmes do Eastwood com a mesma pegada, aqui a fotografia e a edição não parecem dizer nada. O mesmo pode-se dizer com o som, que não são nada menos do que toscos de tão genéricos (destaque pro clique da câmera do celular), assim como a trilha sonora. Por fim, se tem o design de arte e os figurinos. Ambos não são ruins, mas também não tem nada demais.
Por fim, vem as atuações. Eastwood, fez a ousada decisão de escalar o pessoal que viveu tudo aquilo para o elenco principal. O problema é que não são todos os cineastas que conseguem trabalhar desta forma. Por exemplo, em "O Gabriel e a Montanha" (aliás, aqui está a crítica para quem ainda não leu: O Gabriel e a Montanha - Crítica) o diretor, Fellipe Gamarano Barbosa escolheu trabalhar com as pessoas que estiveram em contato com Gabriel em suas últimas semanas de vida, e conseguiu suceder com essa estratégia. Isso porque ele resolveu seguir com um segmento mais docudramático apenas com estas pessoas. O problema de Eastwood foi que ele quis ir ainda mais a fundo escolhendo os três jovens para viverem eles mesmos. O problema é que eles certamente nunca atuaram, e isso compromete o longa ao ponto de em todo fim de cena as vozes dos atores sumirem gradualmente pois eles sabiam que a cena estava acabando, como em uma peça infantil quando a criança está nervosa e quer logo acabar com a sua participação, então faz EXATAMENTE a mesma coisa. O que fica ainda mais visível no primeiro ato, onde mostram, os personagens ainda crianças.
Concluindo, este filme realmente não tinha como dar certo. Com um orçamento infinitamente menor comparado ao que Eastwood costuma trabalhar, ele nunca se saiu pior (até onde eu sei). Primeiramente, comprando um roteiro vazio, preguiçoso e que ligeiramente banaliza a imagem heroica dos jovens (notem que, apesar de eu ter concordado com a maioria da crítica em relação ao quanto este filme é podre, em momento nenhum eu falei algo contra os americanos senão em relação às performances). Depois, escalando pessoas não qualificadas para os papéis, e por fim não conseguindo lidar com tudo isso pois possivelmente já sabia que aquilo não renderia frutos e que ficaria bem melhor fazer o material em forma de curta-metragem já que, querendo ou não, não havia muita história para ser contada. 2/10.
Também, diferente dos outros filmes do Eastwood com a mesma pegada, aqui a fotografia e a edição não parecem dizer nada. O mesmo pode-se dizer com o som, que não são nada menos do que toscos de tão genéricos (destaque pro clique da câmera do celular), assim como a trilha sonora. Por fim, se tem o design de arte e os figurinos. Ambos não são ruins, mas também não tem nada demais.
Por fim, vem as atuações. Eastwood, fez a ousada decisão de escalar o pessoal que viveu tudo aquilo para o elenco principal. O problema é que não são todos os cineastas que conseguem trabalhar desta forma. Por exemplo, em "O Gabriel e a Montanha" (aliás, aqui está a crítica para quem ainda não leu: O Gabriel e a Montanha - Crítica) o diretor, Fellipe Gamarano Barbosa escolheu trabalhar com as pessoas que estiveram em contato com Gabriel em suas últimas semanas de vida, e conseguiu suceder com essa estratégia. Isso porque ele resolveu seguir com um segmento mais docudramático apenas com estas pessoas. O problema de Eastwood foi que ele quis ir ainda mais a fundo escolhendo os três jovens para viverem eles mesmos. O problema é que eles certamente nunca atuaram, e isso compromete o longa ao ponto de em todo fim de cena as vozes dos atores sumirem gradualmente pois eles sabiam que a cena estava acabando, como em uma peça infantil quando a criança está nervosa e quer logo acabar com a sua participação, então faz EXATAMENTE a mesma coisa. O que fica ainda mais visível no primeiro ato, onde mostram, os personagens ainda crianças.
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