O Homem Elefante - Crítica
O Homem Elefante é um filme de 1980 dirigido por David Lynch (LOKASSO) e estrelado por John Hurt e Anthony Hopkins. É um dos maiores retratos de superação e solidariedade já apresentados na grande tela. O longa conta a história (baseada em fatos reais) de John Merrick, um homem com uma séria deformidade por todo o corpo que era parte de um show de horrores e foi resgatado pelo médico Trieves.
Este é provavelmente o maior sucesso popular do Lynch e também o filme onde sua marca registrada (o surrealismo, e às vezes simplesmente algo abstrato, exagerado) está menos presente. É claro que este continua sendo muito perturbador, inclusive a minha mãe assistiu a uma cena em específico e ela ficou pasmamente (essa palavra existe? Tá com aquela linhazinha vermelha embaixo, em todo caso vou deixar porque representa perfeitamente o que eu quero dizer) enojada, chega a lembrar o horror cult "Freaks" de 1932.
O Mise en scène é impecável, aliás, o filme é perfeito, tecnicamente, a direção de arte e figurino são autênticos bonitos, as atuações são maravilhosas, principalmente a do John Hurt como Merrick que é emocionante, a fotografia em preto e branco (sim, não foi só Touro Indomável que desenterrou o preto e branco pra dar um tom mais elegante para um filme de 1980) e a iluminação fraca traz à tona uma Londres do séc. XIX sombria e desconvidativa, o roteiro é bem escrito, de modo que vemos inicialmente o personagem de Merrick como um ser apático e uma simples aberração por si só, sem nenhum caráter ou identidade e aos poucos ele vai criando carisma até que em certos pontos da trama ele possa até fazer o espectador se emocionar e se esquecer de sua afeição, além de desejá-lo a sua presença nas cenas em que ele não está. Por fim mas não menos importante, talvez o mais importante, a maquiagem deste filme é uma das mais bem-feitas de todo o cinema e, com certeza, à frente de seu tempo.
O filme funciona muito bem como um drama, mas ele tem um ar de suspense, inclusive, só vemos o rosto do personagem principal após a primeira meia hora, o que agoniza o espectador por não saber o que está para vir apesar das reações dos outros personagens, que são bem convincentes aliás. O que mais impressiona a direção do Lynch é que você não consegue ver ninguém mais dirigindo aquela bagaça senão ele. Eu, pessoalmente, não sou um grande fã dele, mas nesse filme ele se supera apesar deste ser um dos primeiros filmes dele.
O Homem Elefante é emocionante, magnífico e perfeito tecnicamente. Nota 10 (e o Lynch por si só merecia ponto extra porque, honestamente, nem parece que foi obra dele devido a COERÊNCIA apresentada, coisa que falta na maioria dos filmes dele).
O Homem Elefante é emocionante, magnífico e perfeito tecnicamente. Nota 10 (e o Lynch por si só merecia ponto extra porque, honestamente, nem parece que foi obra dele devido a COERÊNCIA apresentada, coisa que falta na maioria dos filmes dele).