segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Tungstênio - os perigos da abstenção da liberdade criativa

Tungstênio - os perigos da abstenção da liberdade criativa

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 Baseado na HQ homônima do Marcelo Quintanilla, a trama sobre um militar aposentado, junto com seu colega mais jovem e um policial, que tentam parar um crime ambiental que ocorre na orla de Salvador apresenta uma ótima premissa, mas acaba sendo apenas a transcrição de um quadrinho que por si só não apresenta uma história tão surpreendente quanto esperado.
 Com montagem e diálogos (artificiais para um longa-metragem) idênticos aos da obra de Quintanilla, o filme não demonstra nenhuma liberdade criativa em seus três atos, incluindo congelamentos de quadros nas cenas mais ágeis para entrar uma irritante e desnecessária narração em off que perpetua além destes momentos, uma vez que a mise-en-scène nunca é o suficiente para desenvolver os arcos dos protagonistas.
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 As cenas de ação, sempre acompanhadas com um ágil berimbau não diegético ao fundo, são justamente o que salvam o filme de um completo desastre. Apesar de suas constantes interrupções para um plano que faz referência a uma memória de um dos protagonistas (que acabam sendo repetidas inúmeras vezes ao longo do segundo ato), elas são muito bem dirigidas, compensando parte do baixíssimo desenvlvimento de personagens.
 Por outro lado, a introdução dos mesmos é bem feita devido às atuações, principalmente, de José Dumont e Samira Carvalho. Mesmo sendo estes personagens cujo público não uma ciência quase nula de seu passado, seus gestuais e suas expressões faciais sugerem em quais contextos eles estão inseridos desde um primeiro momento.
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 Além de não mostrar nada de novo em relação a obra cujo filme foi uma adaptação, "Tungstênio" evidencia os perigos da abstenção de liberdade criativa ao adaptar pro cinema um formato bem mas dinâmico como uma HQ. 4/10

domingo, 11 de novembro de 2018

You Were Never Really Here - a maturidade compulsória diante de uma tragédia

You Were Never Really Here - a maturidade compulsória diante de uma tragédia

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   Dirigido pela sistemática Linne Ramsay e estrelado por Joaquin Phoenix, fazendo aqui sua melhor performance desde "O Mestre", "You Were Never Really Here" conta a história do matador de alguel Joe, que recupera menores de idade sequestradas e vê perder tudo o que tem durante o resgate da filha de um senador.
   Situado em um ambiente onde a lei vigente parece ser a de que os fins justificam os meios, somado com os traumas que suas profissões passadas e a atual vieram trazendo, Joe se tornou um indivíduo frio. No entanto, a presença de sua mãe e de seus "gerentes" estão lá para atuar como suporte para ele, uma vez que sua humanidade ainda não foi esgotada, o que também pode ser dito sobre sua sanidade.
   Flertando com Klimov, Ramsay propõe a entrada do espectador à mente de Joe com a interferência nos sentidos. A edição de som e uma trilha sonora propositalmente cacofônica sucedem nessa aposta com cenas, especialmente as emocionalmente dantescas cenas do lago e do espelho do motel. Assim como a direção de fotografia de Thomas Townend conseguiu fazer um bom trabalho com a alteração de planos e iluminação no momento em que Joe tem uma epifania na transição do 2º para o 3º atos.
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   A constante contemplação do suicídio do protagonista, à primeira vista, parece ser apenas mais um dos hábitos estranhos do mesmo decorrentes dos traumas sofridos na infância e no exército. Todavia, quando conhecemos a peculiar relação entre Joe e sua mãe, nota-se que isso faz parte de seu senso de humor, o que só se modifica com uma tragédia.
   E a partir dessa tragédia, o matador, sendo previsivelmente imprevisível, não age diferentemente de como as demais pessoas agiriam. Enquanto trata os causadores dessa tragédia com uma razoável misericórdia, ele aceita quase que repentinamente o que acabara de presenciar. Agora, sem mais nada a perder, Joe surpreendentemente se torna mais objetivo com suas ações e não leva suas tarefas para o lado pessoal.
   Desabando ao ver que seu trabalho já havia sido concluído por outro, o protagonista vê que nem mesmo a última coisa que lhe definia. Mesmo podendo ter acabado nesse momento de angústia extrema e perda de identidade que resume todo o filme, um estudo de personagem sobre um indivíduo que passa por uma tragédia e a partir dela se vê na obrigação de utilizar a sanidade que lhe resta para conseguir amadurecer, o longa se extende por mais 10 minutos sem nenhuma importância no enredo, inclusive arriscando tudo o que foi construído até ali com uma cena produzida com a mesma mentalidade de alienação da filmografia do Lanthimos.
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   Desde o começo deixando clara as inspirações para o roteiro, indo de Bogdanovich a Kubrick, sempre com uma ênfase maior em "Taxi Driver", Ramsay repete a meticulosa jornada por uma mente perturbada tão comum em seus trabalhos, mas agora com um universo menos realista. Com dois atos impecáveis e um terceiro extremamente ousado, o longa não explora todo o seu potencial: os últimos 10 minutos não são somente desnecessários, mas também poderiam ser facilmente substituídos por algo mais crível que de fato amarrasse o arco de um excelente protagonista com seu devido respeito. 9/10

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Infiltrado no Klan - Spike Lee em sua forma mais bruta

Infiltrado no Klan e seus flertes com o mundo atual

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   Nesses últimos anos, Spike Lee muitas vezes ora desenvolve magistralmente apenas a misè-en-scène, como em "Pass Over", ora a cosmologia de seus filmes, como em "Chi-Raq". Mas não se pode negar que ele é um mestre das narrativas e sempre vem com uma premissa completamente original (tirando raras exceções como o remake de "Oldboy" que não acrescentou nada ao original coreano).
   No entanto, seu filme mais recente, "BlacKkKlansman", consegue equilibrar as duas coisas muito bem, podendo ser comparado aos seus filmes mais memoráveis como "Malcolm X" e "Do The Right Thing".
   Baseado em uma história verídica, o longa retrata a dura missão de Ron Stallworth, um jovem policial negro, em desmascarar a célula local do Klu Klux Klan ao mesmo tempo em que tenta prevenir que a polícia tenha motivos para interromper as atividades da União de Estudantes Negros local.
   Instalado em um universo cheio de contrastes (seja pela paleta de cores variadas que dista do tema sombrio da narrativa, ou então pelo uso intercalado de canções e discursos que os dois grupos antagônicos ouvem a fim de reforçar suas convicções), o filme consegue equilibrar muito bem seus núcleos sem que o espectador se perca graças à edição que também deixa espaço para doses generosas de bom humor entre os policiais, principalmente no início dos dois últimos atos.
   São altas também as taxas de angústia e medo em função de uma abordagem corajosa de problemas sociais que o filme evoca, uma das marcas registradas do cineasta. O longa se abre com um monólogo do  personagem do Alec Baldwin que convoca os protestantes brancos para uma perseguição aos negros pois estes os prejudicam. Mais a frente, esse sentimento de opressão evoluirá à paranoia e desespero antes do fim do primeiro ato e se perpetuará alcançado seu clímax na última cena com o apoio de outro artifício de Lee: o Double Dolly Shot.
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    Há chances de no fim da exibição o espectador sentir que arcos de alguns personagens não são dos mais críveis. Além do romance entre Ron e Patricia, que é comprometido por preconceitos de ambos sobre suas ocupações, tanto os policiais abertamente racistas quanto os membros absurdamente ignorantes do Klu Klux Klan parecem ser meros frutos caricatos da liberdade criativa que Lee tomou na hora de adaptar o livro escrito pelo verdadeiro Stallworth.
   Entretanto, na que eu elegi como sendo a cena mais icônica do filme, durante a iniciação de Flip Zimmerman seguida da exibição de "Nascimento de Uma Nação" do D. W. Griffiths, um idoso narra ao UEN a história de seu amigo de infância Jesse que foi morto e castrado por uma acusação mal embasada de um júri supremacista. Acontece que uma parte do testemunho desse idoso retrata exatamente o que está acontecendo naquele exato momento na sede da "Organização", como os membros do KKK se autodenominam, sendo que na ocasião seu líder, David Duke, suplica aos seguidores para que priorizem a América acima de tudo, além de trazer um caráter dúbio à expressão “pessoas de bem”.
   Fica clara então a intenção do realizador em apontar um retrocesso da sociedade atual aos tempos de barbárie. Ainda assim, ele toma uma atitude muito pessoal em explicitar ainda mais sua mensagem nos créditos finais, mas cumpre o que propõe e acaba que não compromete muita a experiência, ainda mais se comparado com a recompensa do "jive" que o espectador recebe um pouco antes.
   Conciliando de uma forma extraordinária um drama social com boas doses de comédia em um ambiente essencialmente urbano, Spike Lee se apresenta mais uma vez  em sua forma mais pura, mas se perde quando abandona a sutileza da mensagem. 9.7/10

sábado, 6 de outubro de 2018

Eighth Grade - O processo de adaptação da geração X com a adolescência contemporânea

Eighth Grade

O processo de adaptação da geração X com a adolescência contemporânea

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   O longa de estreia do comediante Bo Burnham conta a vida da jovem Kayla, uma adolescente com um alto grau de ansiedade que eventualmente progride a crises de pânico vendendo nas redes sociais como o completo oposto disso. Agora com um pé no ensino médio, ela tenta superar seu passado de garota antissocial ao tentar seguir as próprias dicas que ela recomenda em seus vídeos de YouTube.
   Sendo um coming of age produzido pela queridinha A24, era de se esperar algo mediocremente forçado embora exageradamente pesado como “The Spectacular Now”. Entretanto, para a minha surpresa, “Eighth Grade” cumpre o que propõe como um ensaio sobre as dificuldades que o universo virtual impõe sobre essa geração mais nova. Ainda assim, o diretor opta por não evidenciar isso de uma maneira completa. A sequência da festa na piscina, por exemplo, onde Kayla enxerga seus colegas quase como aberrações possui um conceito inteligente, mas sua execução não explora todas as possibilidades. Melhor seria, talvez, se adicionado a isso, mostrasse a figura de Gabe como um refúgio à protagonista, ao invés de mostrá-lo somente como mais um esquisitão.
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   Por outro lado, essa busca pelo mais simples funciona em cenas onde Kayla se encontra completamente sozinha. Não são muitas as vezes em que é mostrado o que a protagonista está vendo, mas estas funcionam devido ao cuidado de Bunrham em notar que em tais situações nem Kayla saiba exatamente o que está vendo, seja por medo e confusão ou apenas falta de atenção. Sendo assim visível a intenção de nos colocarmos no lugar dela, o espectador que aceita tal condição logo sente uma imensa empatia, mesmo que não fosse daquela forma quando tinha sua idade devido a esses artifícios. Vale também ressaltar que a trilha sonora mescla estilos de diferentes épocas em busca de atingir total identificação do público.
   Não só retratando com precisão a vida de qualquer adolescente ocidental mediano, o filme também discute sobre temas cujos quais o diretor normalmente aborda em seus stand-ups. Massificação da cultura, narcisismo condicional e a luta dos adultos em encontrarem um meio termo entre a liberdade absoluta e a rigidez insuportável para com os adolescentes aparecem, sobretudo, com uma grande intensidade nas camadas mais profundas do filme.
   Em decorrência disso, ficou simples notar que o universo no qual o filme está inserido tem as crianças no comando. Enquanto isso, os adultos constantemente buscam sua aprovação ao tentar imitar seus gestos (destaque para os dabs desajeitados do diretor) e não questionar suas ações, de modo que nos questionemos se os mesmos já não estão cansados do sistema os colocarem em uma posição superior que contradiz com suas ações.
   O pai de Kayla é de longe o personagem mais inverossímil, mas ao mesmo tempo o que torna mais evidente essa condição do universo do filme. Ao dizer sim a tudo para a filha, fica a impressão que sua figura é desnecessária ao ponto de ser útil somente na logística da protagonista e gerar no espectador a tão presente vergonha alheia, o que fica embasado pelo diálogo no qual, apesar de ter medo de criar Kayla sozinho, não precisou fazer nada pois ela conseguiu se formar como pessoa sem precisar de ajuda.
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   “Eighth Grade” superou minhas expectativas em função de sua produção, mas alguns elementos da mise-en-scène mereciam ser melhor lapidados, como a iluminação que ora é muito limpa ora trazendo uma atmosfera de insalubridade, nunca arranjando um meio termo. Todavia, cumpre o que propõe e ainda deixa a reflexão sobre como os hábitos dessa geração educada pelas redes sociais possam também influenciar o modo de vida dos adultos e as situações que eles são obrigados a passar para tentar se enquadrar entre os adolescentes, quem sabe mais do que eles próprios. 9/10

sábado, 11 de agosto de 2018

Mentes Sombrias - Comentário

Mentes Sombrias - Comentário

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   Desde que o plot do futuro distópico em que o restante da sociedade está nas mãos de jovens se popularizou com "Jogos Vorazes", diversas franquias tentaram, e conseguiram, inovar esse subgênero de ficção científica. Acontece que a medida que ele foi sendo dissecado mais difícil era reinventá-lo; apesar do entretenimento na forma mais pura ser o objetivo maior a ser alcançado, era preciso bater a qualidade técnica e narrativa atingida pelos três últimos filmes da franquia americana, conduzidos por Francis Lawrence. Infelizmente muitos não puderam perceber isso, como é o caso de "Mentes Sombrias".
   A jornada de Ruby, uma das sobreviventes de uma doença que dizimou a população infantil norte-americana e deu aos que sobreviveram super poderes, a algum lugar seguro para ela e seus amigos, ameaçados por adultos, foi produzida pelo mesmo grupo responsável por "Stranger Things" e "A Chegada". Mesmo assim, apesar da produção prometer um grande longa, o resultado veio em forma de um decepcionante melodrama adolescente com alguns elementos de "X-Men: Primeira Classe".
   Com diálogos rasos sobre superação em equipe, inúmeros coadjuvantes unidimensionais (salvo o personagem interpretado pelo Patrick Gibson) e plot twists previsíveis, o longa não só não nos oferece nada de novo em relação ao subgênero como também peca em lugares normalmente fáceis de serem trabalhados. Apesar de tentarem contornar a situação com sete minutos adicionais no terceiro ato, o que foi desnecessário se levado em conta que mesmo assim os erros não conseguiram ser amenizados, seguido de uma narração final da protagonista, esta que, por sua vez, foi infinitamente mais eficiente do que a tentativa de compensar seus defeitos.


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   Desta forma, restaram somente os efeitos visuais e o carisma dos protagonistas (dando destaque para o alívio cômico que Skylan Brooks consegue equilibrar junto a carga dramática que seu personagem precisa) para salvar o filme de um desastre completo. "Mentes Sombrias" não é o pior filme do ano, ele nos oferece boas atuações e uma qualidade técnica razoável, mas havia muito que ser trabalhado no campo narrativo. 4/10

sábado, 4 de agosto de 2018

First Reformed

First Reformed

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   Paul Schrader, por ser mais agraciado como roteirista (através inúmeras colaborações com Scorcese, como "Taxi Driver", "Touro Indomável" e "A Última Tentação de Cristo") do que como diretor ("Gigolô Americano", "Temporada de Caça" e "O Acompanhante"), nunca havia me achado tanta atenção atrás das câmeras, mas quando eu vi que o nome dele na lista de vencedores do Festival de Veneza do ano passado fui atrás de assistir a First Reformed o mais rápido possível.
   O longa que estrela Ethan Hawke e Amanda Seyfried, e retrata o desespero de um pastor calvinista de uma pequena congregação do norte de Nova Iorque em função da morte de um ambientalista, (passeando dentro de temas complexos como o extremismo contido na mente dos millenials, hipocrisia dentro da igreja e, é claro, fé), não só é um ótimo filme como também um dos mais completos e diferentes do ano até então.
   É de praxe, entre os diretores da geração de Schrader, estabelecer o tom do filme logo no plano de abertura. Com um lento fade-in do ambiente composto de cores neutras que envolve a igreja, podendo-se notar um close na fachada branca da First Reformed quando a imagem já está mais nítida, acompanhado por sons cacofônicos da natureza desde o crocitar de um corvo até a fadiga humana, Schrader busca mostrar que esse filme não é dos mais convidativos, mesmo que aos poucos o longa ofereça ao espectador uma boa recompensa no final.
   Recompensa essa que, para muitos, não virá, levando em conta a infinidade de interpretações que o final aberto oferece. Final aberto, inclusive, que é apenas uma das várias referências à grande influência de Schrader pra esse filme, o minimalista francês Robert Bresson. Para se ter uma ideia o plot de First Reformed é inteiramente baseado no título de um filme do francês, "Diary of a Country Priest". Ainda assim, Bresson não é a única grande personalidade do cinema que é ressuscitada no longa; Há muito de Travis Bickle, personagem de "Taxi Driver" que Schrader escreveu em 75, no reverendo Toller, vivido por Ethan Hawke. Desde a clara busca do "para onde apontar" de suas bússolas morais, passando pela solidão por opção, até os traumas vividos no dia-a-dia que os deixaram tanto inabaláveis quanto niilistas convictos em relação à humanidade, o que atinge seu clímax no mais recente trabalho de Schrader durante a mudança das imagens mostradas no chroma key da cena do "Magical Mystery Tour".
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   A mise-en-scène, por sua vez, sempre busca mostrar o padre como alguém ordinário, às vezes até inferior, em relação aos outros usando a iluminação, por exemplo, para deixar seu personagem sob as sombras de seu superior. O posicionamento da câmera também se mostra relevante em busca de transmitir essa imagem, como com plongées perpendiculares em relação ao chão, dando a impressão que ele está sendo assistido por cima. Ethan Hawke também colabora ao trazer ao máximo a apatia necessária para seu personagem durante o primeiro ato para então, no segundo, se esforçar em investigar algo que, com uma tragédia inesperada, ficou sem explicação.
   Com o segundo ato se iniciam os questionamentos religiosos do filme. "Deus nos perdoaria pelo que fazemos com sua criação", "Se esse é o seu plano, por que ele gostaria de fazer isso?" e "Se Jesus tomou para si os nossos sofrimentos, por que ele nos permite sofrer mesmo quando sempre damos a outra face?" são os mais identificáveis ao longo do segundo ato. Além disso, pelo menos com o arco do Toller, começa a bater de frente a noção sociopata do human of late capitalism que o oprimiu há tanto tempo, já que agora ele percebe que tudo é efêmero, principalmente com o ser humano acelerando o prazo de validade de sua existência, o que o diretor busca saturar com o personagem do Ed Balq.
   Até este momento o filme demonstra ser ultrarrealista, mas com a tomada psicodélica do "Magical Mystery Tour" eu, pessoalmente, comecei a encarar o filme como alegórico. Quem sabe, até tentando dialogar com "MÃE!" do Aronofsky, considerando que pode-se traçar um paralelo entre a ação da humanidade sobre a Terra com a saúde do reverendo, além do mesmo escapar da morte com ajuda de uma mulher chamada Mary grávida de um menino.
   E mesmo deixando isso de lado, "First Reformed" atinge sucesso em ser o filme mais completo e diferente do ano até o momento por abranger de forma razoavelmente profundo tantos temas relevantes nos dias de hoje. Nota 10