Bird Box
Adaptado de um romance homônimo de Josh Malerman, o longa foca em Malorie, uma mulher que deve ir atrás, junto de seus dois filhos, de uma comunidade segura de criaturas que induzem pessoas sãs a se matarem. Dirigido pela talentosa Susanne Bier e estrelado por Sandra Bullock e Trevante Rhodes não é ruim, mas ainda se encontra no largo espectro de mediocridade de boa parte dos filmes da Netflix.
A trama contada em dois períodos diferentes (um nos meses iniciais desde o início do fenômeno e outro 5 anos depois) possui uma boa montagem, apesar da mesma sugerir o desfecho do primeiro período e haver algumas passagens vazias na virada do 2º pro 3º atos. Ainda assim, confusão é evitada graças à imensa diferença dos cenários explorados nos períodos.
Enquanto o primeiro período visa mostrar a luta do grupo de sobreviventes liderados por Douglas, vivido por um desponderado John Malkovich, Tom (Rhodes) e Malorie (Bullock), o segundo foca justamente na busca por um refúgio melhor por Malorie e seus filhos. O tom ditado é semelhante nas duas linhas de tempo, sempre prevalecendo um suspense exercido pela privação da visão, mantendo certa constância no ritmo do filme mas que nunca cai totalmente ao tédio.
O roteiro num geral também colabora para a mediocridade do longa. Com decisões das mais insesatas que são tomadas pelos personagens mais sábios a fim de renovar a carga dramática (que, inclusive, distoa completamente do tom do longa) que se esvai com o início do 3º ato e o fato de dois personagens têm seus arcos interrompidos pois simplesmente deixam de aparecer na história descompensam toda a tensão criada de forma magnífica.
A direção de arte do renomado Bryan Lane é certeira ao retratar um dos cenários distópicos mais sombrios possíveis, predominado pela autodestruição da humanidade de forma crua, sem qualquer ato bélico específico. Devem-se elogios à fria fotografia de Salvatore Totino colabora igualmente para essa retratação não necessariamente mórbida do futuro, mas naturalmente desconcertante, encontrado em cenas como a das correntezas turbulentas do rio, antitético ao silêncio assustador das cidades.
Sendo uma obra que imediatamente nos remete a "Ensaio sobre a Cegueira" e "Fim dos Tempos", pode-se dizer que "Bird Box" herda os melhores elementos dos dois longas, mas muitas vezes acabam sendo desperdiçadas no suspense devido à escolha de deixá-los a mercê do imaginário do público. Definitivamente não é um filme ruim, mas ainda falta muito para ser recomendável. 6.5/10
Essa tensão, criada em cenas como a do carro rumo ao supermercado e a
da corda na margem do rio, evidencia certa autoria por parte de Bier, o
que também nos ajuda a imaginar a que nível "Fim dos Tempos" de
Shyamalan poderia ter chegado caso não escondesse até o fim para revelar o motivo dos
suicídios coletivos. Por outro lado, a trilha sonora e a montagem de
som evoca uma familiaridade no gênero que gera clichês dos quais
poderiam muito bem ter sido facilmente evitados.
No entanto, as boas atuações de Bullock, que aqui novamente explora de forma soberba a maternidade tão presente em sua carreira, e John Malkovich, que consegue encontrar certo equilíbrio justamente em um personagem desequilibrado para não cair em certo exagero, fazem com que tais erros narrativos e técnicos passam despercebidos para alguns. Trevante Rhodes também merece destaque ao interpretar um personagem que se encontra em um escopo oposto ao Black de "Moonlight".A direção de arte do renomado Bryan Lane é certeira ao retratar um dos cenários distópicos mais sombrios possíveis, predominado pela autodestruição da humanidade de forma crua, sem qualquer ato bélico específico. Devem-se elogios à fria fotografia de Salvatore Totino colabora igualmente para essa retratação não necessariamente mórbida do futuro, mas naturalmente desconcertante, encontrado em cenas como a das correntezas turbulentas do rio, antitético ao silêncio assustador das cidades.
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