segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Bingo - Crítica

Bingo - Crítica

   Há um mês eu vi um dos melhores filmes brasileiros dessa década, no mesmo nível de Tropa de Elite 2 - O inimigo agora é outro, Aquarius, Que Horas Ela Volta e 2 Coelhos. Bingo - O Rei das Manhãs é dirigido por Daniel Rezende, que também foi o editor indicado ao óscar por Cidade de Deus. Daniel tem uma história de parcerias com os três maiores cineastas brasileiros atualmente, Fernando Meirelles, Walter Salles e José Padilha, além disso, Daniel trabalhou com Terrence Malick pelo CULTUADÍSSIMO Árvore da Vida (que foi um dos únicos filmes que eu não consegui assistir até o fim por falta de ânimo).
   Aqui vemos que essas parcerias deram frutos pra essa estreia como diretor, o que me lembrou do Charlie Kaufman, que pra mim é uma das pessoas mais incríveis de Hollywood atualmente, que fez parceria com Spike Jonze, George Clooney, Michel Gondry, entre outros MONSTROS, e que, na opinião do Roger Ebert, um dos, senão O, maior crítico de cinema de todos os tempos, fez na sua estreia como diretor um dos melhores filmes que ele já viu.
   O elenco também arrasa, Vladimir Brichta traz aqui a sua melhor interpretação (saibam que eu sou fã dele desde 2010 quando ele fez com a Débora Bloch "Separação?") com um personagem muito multifacetado, que nem o Edward Norton no "American History X", a Leandra Leal está maravilhosa como sempre e o Augusto Madeira faz um personagem muito único que é engraçado, mas você odeia porque ele ferra com os protagonistas (como o Interpreter do "Silêncio" do Scorcese) e é um dos tipos de personagem que eu mais gosto, então pra mim, como espectador, não como resenhador/crítico, o filme recebeu pontos extras por ter aquele personagem.
   Então está bem, vamos por partes.A edição do filme é espetacular, alguns planos sequências são geniais, o que demonstra a harmonia entre edição e cinematografia, a trilha sonora é nostálgica e relaxante (saí do cinema e fiquei com "99 Luftballons" na cabeça por um bom tempo) e a direção de arte, nem se fala. Eu não vivi no Brasil dos anos 80, mas eu reconheço o bom trabalho da direção de arte naquelas tomadas aéreas por cima da cidade, tornando estas quase que didáticas àqueles que não tem nenhuma referência dessa época.
   O roteiro me surpreendeu porque foi escrito pelo Luís Bolognesi que tem uma carreira oscilante, e eu admiro muito esse cara porque ele dirigiu o que na minha opinião é o melhor longa de animação brasileiro "Uma História de Amor e Fúria", e nesse trabalho o roteiro está esplêndido. O Tiago Belotti fez a crítica desse filme antes de eu assistir (e inclusive ele quem me fez assistir) usou o termo "viajadas" pra definir aqueles sonhos acordados que o Bingo tem e toda vez que uma dessas "viajadas" acontecia eu ficava louco porque elas são emocionantes.
   Eu estou muito contente por Bingo ter sido escolhido como o representante nacional para concorrer à uma vaga pra categoria do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (lógico que "Una Mujer Fantastica" já tem com uma vaga garantida, apesar de eu não ter assistido para saber se de fato essa vaga está garantida) porque ele foi uma escolha muito melhor do que ao do ano passado com o medíocre "Um Pequeno Segredo" (eu queria que tivesse dado ou "Aquarius" ou "O Outro Lado do Paraíso").
   Bingo - O Rei das Manhãs é divertido, nostálgico, emocionante e muito bom no geral, nota 10.